No dia 4 de junho de 1942, em meio às comemorações do 75º aniversário de Carl Gustaf Emil Mannerheim, Marechal da Finlândia, Adolf Hitler decidiu realizar uma visita secreta para parabeniza-lo. Temendo que o episódio fosse visto como uma visita oficial, Mannerheim decidiu encontrá-lo na cidade de Imatra, no sul do país. Após saudações e discursos, ambos foram até o vagão privativo do marechal acompanhado por funcionários finlandeses e alemães.
Durante um almoço repleto de charutos e bebidas,Thor Damen, um funcionário da companhia de radiodifusão finlandesa Yle, conseguiu gravar 11 minutos da conversa. Naquele dia, Damen conseguiu gravar o único momento onde a voz normal de Hitler, numa conversa corriqueira, sem gritos e palavras de ordem, pode ser escutada. E quase foi morto por isso.
O encontro Wikimedia Commons
Inicialmente, Damen estava no local para gravar o discurso oficial do tirano e a mensagem de aniversário para Mannerheim. Quando os discursos acabaram, Hitler não foi avisado que o microfone estava ligado, assim o rumo da conversa mudou de oficial para privado. Nesse momento, Damen viu uma oportunidade de gravar o único momento onde Hitler não levantava a voz— o ditador não permitia que nada fosse gravado antes dele estar “preparado”, ou seja, com o tom utilizado durante os seus discursos encenados.
Nos primeiros 11 minutos, o ditador e o marechal conversaram sobre a mal-sucedida Operação Barbarossa, as derrotas dos italianos no norte da África, Iugoslávia e Albânia, armamentos da União Soviética e sobre os poços de petróleo romenos. Hitler não se altera ao admitir que a resistência soviética o surpreendeu.
Assim que perceberam o truque, os guardas de Hitler repreenderam Damen e interromperam a gravação. A situação piorou quando os oficiais emitiram um sinal indicando que a garganta de Damen fosse cortada.
O interior do vagão Wikimedia Commons
“Quando os agentes de segurança alemães descobriram, isso realmente se tornou uma cena, com eles ameaçando matar Damen e ordenando que ele destruísse a fita”, diz Lasse Vihonen, chefe de arquivos de som da Yle em entrevista ao The Guardian.
Os oficiais exigiram que a fita fosse destruída, mas a Yle foi autorizada a guardá-la em uma caixa, sob a promessa de que o recipiente nunca seria aberto. Em seguida a gravação foi entregue a Kustaa Vilkuna, chefe do gabinete de censores do Estado e só foi devolvida à Yle em 1957.
Aqui, a conversa inteira, com legendas em inglês:
Fonte: aventuras na hitória
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