A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou apoio nesta terça-feira (16) a testes com mosquitos geneticamente modificados e uma bactéria que infecta insetos como possíveis armas importantes para combater o vírus da zika.
“Diante da magnitude da crise de zika, a OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a aumentar o uso tanto de antigas como de novas formas de controle de mosquito como a mais imediata linha de defesa”, disse a OMS em comunicado.
A entidade também destacou o potencial da liberação no ambiente de mosquitos machos estéreis por irradiação.
Uma das técnicas incentivadas pela OMS já testada no Brasil é a introdução da bactéria Wolbachia (lê-se voubáquia) em ovos do Aedes aegypti. Essa bactéria torna o mosquito incapaz de transmitir os vírus da dengue, da febre amarela, da chikungunya e da zika.
Outra técnica com experiências efetuadas no país utiliza o mosquito transgênico, um variação genética do Aedes aegypti produzida pela empresa britânica Oxitec. O mosquito é modificado para, solto no meio ambiente, levar à redução drástica da população local do inseto. Depois de fecundar fêmeas Aedes aegypti selvagens, a maior parte das suas crias morre.
O uso de radiação nuclear para combater o Aedes aegypti está em estudo pelo Brasil. A técnica consiste em expor mosquitos machos à radiação nuclear, tornando-os inférteis. Uma vez de volta no meio ambiente, esses mosquitos não conseguiriam se reproduzir e a população geral teria queda.
Bactéria é principal aposta brasileira
A inoculação da bactéria no mosquito transmissor da zika é uma das principais apostas científica do Brasil no controle dos surtos para os próximos anos, porque, ao contrário do polêmico mosquito transgênico infértil da Oxitec usado em algumas cidades brasileiras, este é capaz de substituir a população existente sem nenhum prejuízo ao equilíbrio do meio ambiente.
A técnica também não envolve modificação genética ou procedimento com produtos tóxicos –a Wolbachia já existe em mais da metade dos insetos do mundo, inclusive no pernilongo, e não causa danos à saúde humana. “É uma bactéria restrita a animais invertebrados”, explica a Fiocruz.
O procedimento, desenvolvida na Austrália, usa microinjeção para inserir a bactéria, originária da mosca-das-frutas (a Drosophila melanogaster), nos mosquitos. A bactéria bloqueia o vírus e impede a transmissão de doenças, além de reduzir a longevidade do Aedes.
Os estudos nacionais são aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
Fonte: UOL