Entre os anos 80 e 90, os programas infantis obtiveram grandes investimentos das TVs abertas no país e dominaram a programação. Com o segmento vivendo seu boom, Globo, SBT e no retrovisor a extinta Manchete abocanharam grande parte da publicidade e audiência da época. As apresentadoras Xuxa, Mara, Angélica e Eliana surgiram dessa demanda de mercado.
O declínio deste produto na TV ocorreu no momento que as leis limitaram a publicidade infantojuvenil tendo como justificativa a proteção à criança. Defendem que devido a pouca idade este público está vulnerável nas relações de consumo.
O tempo passou e hoje, sem conseguir viabilizar financeiramente os programas infantis, eles foram praticamente extintos das grades das três principais emissoras de televisão. Atualmente, apenas o SBT destina boa parte da sua grade diária à criançada. Porém, muito mais pela teimosia do dono do que pelo endosso da área comercial e da diretoria. Aliás, com pouca verba, o Bom Dia & Cia que está no ar é quase um rascunho que já foi na época da Eliana.
A TV paga tem canais destinados ao público infantojuvenil, mas num Brasil de 210 milhões de telespectadores, Discovery Kids e afins são uma realidade para uma ínfima fatia da pizza. Aos que defendem os direitos da molecada precisam se perguntar: O que as nossas crianças estão consumido do mercado audiovisual? Será que o remédio para solucionar o excesso, que de fato ocorreu no passado, não foi forte demais?
Não existe milagre. Televisão acima de tudo é um negócio. Sem viabilizar a publicidade ninguém vai investir em produtos para a garotada. Jogada para o escanteio, hoje elas consomem músicas e programas para adultos. A lei serviu apenas para isso: a exclusão.
A possibilidade da volta dos programas infantis à TV
Nesta última semana, uma luz se acendeu. Em São Paulo, o ministro da Justiça Sérgio Moro revelou durante o seminário A Regulação da Publicidade Infantil: Mídia Tradicional x Plataforma Digital que pretende viabilizar o retorno da publicidade voltada às crianças e adolescentes. A intenção seria flexibilizar as leis.
“Ouvi uma reclamação que me pareceu correta, na área da TV, de que uma regulação excessiva causava o afastamento da publicidade para esse setor. Como a TV muitas vezes sobrevive através de anúncios e anunciantes, isso gerava dificuldade de se produzir material destinado ao público infantojuvenil”, disse o Ministro. Palavras que soaram como uma esperança entre diversos dirigentes de televisão e produtoras de conteúdo.
Gerações cresceram imaginando descer da nave da Xuxa, participar do Porta dos Desesperados, ir no Show Maravilha ou ganhar no Bozo Corrida. E bem no começo da TV, o público infantil se divertia com o Cirquinho do Arrelia ou do Carequinha. Hoje, pelas restrições impostas, os órfãos da TV Globinho assistem as receitas da Ana Maria Braga, os debates do Encontro ou se informam pelo Hoje em Dia. Afinal, quem saiu perdendo?
Fonte: Na Telinha
Créditos: Na Telinha