A paraibana Juliette disse que não está “preocupada em hitar ou em ser um grande fenômeno musical”. A cantora, afirmou, em entrevista ao portal O Tempo, que sua retribuição vem da resposta que ganha de seu público. “Quando eu vejo uma pessoa cantando a minha música, um fã, o amor… Tudo isso que eu recebo é o que me paga. O que acontece nos meus shows é lindo, só sabe quem está lá. Então eu estou fazendo tudo certo e estou recebendo tudo que eu espero. Nada menos”, avalia.
Embora a fala soe como a de alguém que não tem números para ostentar, esse não é o caso de Juliette. No Spotify, sua canção mais ouvida, “Tengo”, ultrapassa os 68 milhões de execuções. Aliás, todo o top 10 da cantora na plataforma ultrapassa a casa dos milhões de plays. As mais executadas, inclusive, são recentes, fruto do disco “Ciclone”, o primeiro de sua carreira e que tem Juliette em cada detalhe. “Eu passei nove meses fazendo, desde a composição até o arranjo e produção”, conta.
O trabalho tem ainda outros significados para a artista. Além de ser o primeiro disco da carreira da cantora, ele resgata também a mulher que ela sempre foi. “No meu primeiro trabalho, fiquei numa zona de conforto, sendo fiel a o que eu me sentia segura em fazer, mas principalmente a como eu estava me sentindo. Tenho muito orgulho dele, acho que é um trabalho muito bonito. Mas eu sinto que naquela época eu estava um pouco vulnerável, tímida, com medo. Depois que tudo passou, eu senti um pouco de falta da Juliette que eu sempre fui. Na música também. E essa Juliette que eu falo é segura, assertiva, sensual, potente e com mais coragem”, explica.
A coragem fica refletida na própria mudança da sonoridade, que não se restringe ao espaço seguro da artista, mas se expande para uma multiplicidade de ritmos que vão desde o piseiro até o trap. “Me propus a fazer um trabalho que representasse a Juliette que eu sou. Que eu sempre fui. E, aí, Ciclone veio assim, para mostrar que, em meio a tudo o que estava acontecendo, eu conseguia juntar os meus cacos, fortalecer e alimentar quem eu sempre fui. Acho que é por isso que eu me sinto tão presente nesse disco. Tanto pela feitura dele, porque participei de tudo, quanto pelo resultado e pelo que eu coloquei de mim nele”, diz.
O que define um artista?
Mas, mesmo que existam trabalhos, números e que Juliette já esteja em sua segunda turnê pelo país, a cantora ainda enfrenta resistência de parte do público. Há quem sinta dificuldade em reconhecê-la como artista. Essa luta, inclusive, não é novidade para Juliette, tanto que ganha espaço até mesmo na sua música. Em “Ningúem”, faixa que encerra “Ciclone”, ela canta: “Já vi essa cena, tô acostumada”.
Porém, o costume não impede que a cantora reflita sobre a situação. Para Juliette, essa dificuldade está relacionada, principalmente, a duas coisas: a uma resistência em reconhecer a trajetória artística de alguém que, como ela, já teve outras profissões, e a pura maldade. “Acho que a gente tem que entender que existem caminhos. E não um só caminho. E eles são diversos. O nosso país é tão diverso, tão desigual, tão múltiplo. Os processos de construção artística e de oportunidades também são tão diferentes, mas a sociedade tem a tendência a cristalizar, a legitimar alguns caminhos artísticos, digamos assim. O fato de eu ter vindo ou sido vista em um reality não deveria ser um problema ou impedir esse reconhecimento como cantora”, pontua.
Aliás, é ao próprio BBB que ela credita a oportunidade que tem, agora, de cantar. “Eu acho que eu nem teria uma vida musical se não fosse o reality. Óbvio que não. Então acho que isso nem deveria ser um problema. E, se é um impedimento, acho que o problema está na pessoa que acha isso, e não no fato de que haja um reality show no meu caminho, do qual me orgulho demais. Faria tudo de novo”.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: O Tempo