hobby virou negócio

NA ROTA DA CANA: Com apenas três anos no mercado a cachaça Aroma da Serra já conquistou a aprovação do consumidor mais exigente

Dizem que Deus é brasileiro, que é daqui o Rei do Futebol, da música popular brasileira, que o samba nasceu aqui e que é genuinamente nosso, da mesma forma que a cachaça é um produto que só é produzido no Brasil e que o café, o carnaval… Enfim!


A Dornas Havana produz dornas e barris de variados tamanhos, dentro da capacidade de 1 a 60.000 litros.




 

Mas será mesmo que o nosso produto tipo exportação, hoje em alta – a cachaça – consumida e apreciada em vários países do mundo, é realmente nosso? O coro dos fabricantes e apreciadores é engrossado numa afirmativa que não nos permite fazer qualquer discordância! Agora, na verdade, tudo isso realmente pouco importa, se a gente observar do ponto de vista de que (pode tudo, até não ser tão genuíno assim) mas uma coisa podemos assegurar – na maioria das vezes – é que, quando decidimos por algo, aperfeiçoamos e fazemos melhor! É assim com o café, com a música, o carnaval… E depois de todas as ponderações, só podemos chegar a uma conclusão: Deus é realmente brasileiro!

Longe da ideia de querer ser o dono da verdade – não me interessa aqui provar nada – quero apenas contar uma boa história, e tentar levar até você uma das coisas que a Paraíba faz de melhor, a cachaça! Para tanto continuo na estrada e, seguindo pelo cheiro, hoje vou falar da mais jovem das cachaças nesse elenco de grandes estrelas que venho desfilando já a quase dois meses no Polêmica Paraíba, a cachaça Aroma da Serra!

Então vem comigo. Por que agora você, também, está na Rota da Cana!

Onde tudo começou

O nosso destino, hoje, é o Engenho Aroma da Serra onde vou conversar com os empresários Rodrigo Azevedo e o seu sócio Dimitri Melo, fabricantes da mais jovem das nossas cachaças aqui já apresentadas, a Aroma da Serra!

Localizado aproximadamente a 15 km do Centro de Areia, município pertencente a microrregião do Brejo Paraibano, o Engenho Aroma da Serra está distando 120 km de João Pessoa. A cidade tem uma população estimada em 24.000 habitantes, numa localização privilegiada por apresentar um clima ameno e agradável o ano inteiro, com temperaturas que variam entre 15ºC e 29ºC (no inverno, as temperaturas são ainda mais baixas com presença de névoas intensas), possuindo clima e solo propícios para o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar.

Tudo começou com Edvaldo Guedes da Costa, pai do Rodrigo. “Ele foi o idealizador da cachaça e quem montou o engenho a cerca de 10 anos, mais por hobby”! No começo foi tudo muito difícil e o consumo era apenas interno, para familiares e amigos. O seu Edvaldo, montou a fabricação por ser da cidade e ter propriedades rurais em Areia. A fabricação começou em pequenas quantidades e só a cerca de três anos atrás se resolveu criar a própria marca.

Quanto a distribuição e inserção do produto no mercado, foi se aprendendo na raça, com o dia a dia e hoje atuam com distribuidores na Paraíba, Pernambuco, Rio grande do Norte e outros mercados menores, fora desses três estados, como nos confirmam mais na frente em uma rápida e agradável conversa. O engenho trabalha com três tipos de cachaça e em diferentes embalagens. Cristal (a branca que não passa por barris de madeira), de Umburana (que é armazenada em toneis de umburana, uma madeira brasileira) e de Carvalho (madeira francesa).

Para o Polêmica, Rodrigo e Dimitri falam com exclusividade, sobre estes e outros assuntos.

Aroma da Serra – Entrevista

PP – Já é sabido que o Engenho Aroma da Serra produz a sua própria cana e que mantém o respeito ao meio ambiente utilizando no próprio engenho, o bagaço da cana (no aquecimento de caldeiras) e o vinhoto como fertilizante. Que outro produto, além da cachaça, os senhores fabricam e comercializam no engenho?

Dimitri – Produzimos apenas cachaça, que é revendida em 3 formatos. A Cristal que é a tradicional, a umburana que é envelhecida em toneis de madeira brasileira umburana, e a Carvalho que é envelhecida em barris de carvalho francês.

PP – Em que outros estados além de – Paraíba, Pernambuco e Rio grande do Norte – a cachaça Aroma da Serra é comercializada com sucesso?

Rodrigo – Temos distribuidores, por enquanto, de Alagoas ao Ceará, mas também temos nosso próprio e-commerce e através dele entregamos em todo território brasileiro.

PP – Observei que, diferente das demais marcas que já são veteranas no mercado, o senhor disse em entrevista recente, que o engenho mantém uma produção por safra, bem maior que as demais (cerca de 300 mil litros). Posso confirmar isso? Por que?

Rodrigo – Confirmo sim; porque estamos alcançando novos mercados e, consequentemente, nos preparando pra essa demanda.

PP – O senhor mantém a opinião de que a concorrência na região se mantém salutar entre os produtores de cachaça?

Dimitri – Sem dúvidas, há espaço para todos. O mais importante é difundirmos a cultura da cachaça.

PP – A sua opinião, de acordo com a mesma entrevista, é de que o perfil consumidor de cachaça hoje é igual para homens e mulheres. O senhor mantém essa opinião?

Rodrigo – De acordo com nossas experiências na promoção do nosso produto, bem como, observando os comentários feitos por nossos clientes em nossas redes sociais, percebe-se claramente a grande participação feminina no consumo.

PP – Apesar da informação em matéria publicada anteriormente aqui no Polêmica Paraíba (segue trecho da citação: …algo por volta do ano de 1661 …) “essa legalização só foi possível após uma revolta popular contra as imposições da Coroa portuguesa, conhecida como (Revolta da Cachaça), ocorrida no Rio de Janeiro. Até então, a Coroa portuguesa impedia a produção da cachaça no país, pois o seu objetivo era substituir esta bebida pela bagaceira, uma aguardente típica de Portugal”… – Mesmo assim, é possível afirmar que a cachaça é um produto genuinamente brasileiro?

Rodrigo – Acredito que sim, pelo motivo de ter sido colocado pelo historiador Luís da Câmara Cascudo, no seu livro Prelúdio da Cachaça, que a primeira cachaça foi destilada por volta de 1532 em São Vicente, onde surgiram os primeiros engenhos de açúcar no Brasil. Porém, também há uma versão, fantasiosa, de que um escravo, o qual trabalhava em um engenho, deixou armazenada a “cagaça” – um caldo esverdeado e escuro que se forma durante a fervura do caldo da cana. O líquido fermentava naturalmente e, devido às mudanças de temperatura, evaporava e condensava, formando pequenos pingos de cachaça nos tetos do engenho. Inclusive, a origem do sinônimo “pinga” teria surgido dessa versão popular da origem do destilado.

PP – Afinal, qual a diferença entre aguardente de cana e cachaça?

Rodrigo -A Cachaça é um destilado que provêm exclusivamente da cana-de-açúcar, tendo a característica de possuir alto teor alcoólico, variando entre 38% a 48% e uma complexidade sensorial incrível. A bebida deve ser obtida através da destilação do mosto fermentado da cana. Sem adição de açúcares e extrato de sabores.

Dimitri – A aguardente é o nome dado a qualquer bebida obtida a partir da fermentação e destilação de vegetais doces. O uísque é uma aguardente de cereais. A Tequila, é uma aguardente de agave. Conhaque, Bagaceira e Grapa semelhantemente são aguardentes de Uva.

A cachaça é nossa!

Então, a conclusão a que chegamos é de que não é falácia quando patenteamos a cachaça com selo nacional e como patrimônio brasileiro! Só para se ter uma ideia da sua importância, hoje, em abril do ano passado aconteceu o festival da cachaça em Londres.

Aproximadamente 50 rótulos da cachaça brasileira fizeram o festival na capital inglesa. Outra informação que nos assegura, ainda mais de que somos os únicos a fabricar cachaça da cana – de – açúcar, no mundo. Os maiores consumidores internacionais da cachaça brasileira são EUA e Alemanha (sendo este último, o segundo maior importador da cachaça brasileira). Ao final, Rodrigo reforça que “Hoje temos na Paraíba em torno de 30 cachaças no estado da Paraíba e, no Brasil, algo em torno de 4 mil marcas”. Diz!

Após a prazerosa conversa com os jovens empresários, deixo o Engenho Aroma da Serra bem mais confiante de que, a cachaça é nossa!

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Francisco Aírton