REVOLTA

Motorista revoltada prega ódio à ciclistas de João Pessoa em redes sociais

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A publicação foi rapidamente bombardeada de respostas, principalmente vindas de ciclistas integrantes dos mais variados grupos de pedal espalhados pela cidade. Por causa de tanta repercussão negativa, a conta de Camila Tomaz foi removida da rede em menos de 48 horas após a publicação. Não sabemos se a remoção foi feita pela própria Camila ou se foi iniciativa do Facebook diante das possíveis denúncias recebidas.

Para entender melhor a situação, segue a publicação na íntegra – com censura das palavras de baixo calão:

Publicação de Camila Tomaz no Facebook

Mesmo se todos os palavrões e agressões fossem retirados do depoimento de Camila Tomaz, sobrariam a ignorância e o egoísmo. O trânsito é composto por pessoas que fazem as mais variadas atividades. Enquanto alguns voltam para casa, outros saem a lazer, outros estão indo estudar, outros vão jantar, outros apenas vão. Ninguém deve pensar que tem mais direitos simplesmente por causa do seu destino.

Infelizmente, ainda convivemos sob uma lógica ultrapassada e não condizente com o que é orientado pela legislação. Acontece que o automóvel ainda é extremamente supervalorizado na sociedade, mesmo matando mais de 50 mil brasileiros todos os anos e deixando um número bem maior de sequelados. Por causa dessa cultura nada inteligente, motoristas ficam facilmente enfurecidos diante da “ameaça” de menos espaços.

No trânsito, quem é maior precisa cuidar de quem é menor, essa é uma exigência do Código de Trânsito Brasileiro. Tentemos ser mais respeitosos com as pessoas, valorizando os transportes não motorizados e prezando pela vida do próximo. Sabe o que isso custa para um motorista, por exemplo? Alguns segundos. É assustador saber que há pessoas como Camila Tomaz atrás de um volante, dirigindo na mesma cidade onde nossos amigos e familiares vivem.

O que impressiona mais é perceber que um comportamento tão agressivo e desumano conseguiu obter apoio de várias pessoas. Teve gente que não mediu esforços para manifestar apoio à autora do infortúnio, mostrando que valores básicos relacionados ao respeito à vida e ao cuidado com o próximo ainda estão escassos em parte da sociedade.

Não vamos usar este espaço para discutir os erros de legislação presentes na publicação de Camila, nem para explicar os motivos que levam várias pessoas a acharem um absurdo que um grupo de ciclistas ultrapasse, juntos, um semáforo vermelho – algo que leva poucos segundos. Todo esse comportamento precipitado se dá por causa da cultura centrada no automóvel, construída e fortalecida nas últimas décadas. Fomos ensinados a sermos egoístas no trânsito, a acreditar com todas as forças de que o carro é o maior dono da rua, deixando pedestres e todo os modais movidos a tração humana à mercê dos motorizados.

Fonte: Cidade Bike