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Morreu David Bowe, um dos maiores artistas da cultura popular

Cantor faleceu em casa, ao lado da família

Morreu David Bowe, um dos maiores artistas da cultura popular

imageO choque. A morte é-o sempre. Mas tinha acabado de lançar novo álbum, na última sexta, dia do seu aniversário, que parecia um recomeço e ninguém sabia da sua doença. O mistério e a surpresa sempre fizeram parte dele. Mas esta era a notícia que ninguém desejava.

O músico britânico David Bowie, uma das maiores celebridades da cultura popular, morreu nesta madrugada, aos 69 anos, de cancro. A notícia foi divulgada na sua página oficial do Facebook e do Twitter. O seu publicista, Steve Martin, confirmou a morte ao canal Sky News.

“10 de Janeiro de 2016: David Bowie morreu tranquilamente hoje, rodeado pela sua família, após uma corajosa batalha contra o cancro durante 18 meses”, refere a nota publicada nas redes sociais, cerca das 6h30 desta segunda-feira.

“Muitos de vós partilham esta perda, mas pedimos que respeitem a privacidade da família durante o tempo de luto”, completa a nota. O músico tinha acabado de lançar um novo álbum, Blackstar, bem acolhido pela crítica. No PÚBLICO, descrevemos o seu o novo álbum como sendo inspirado pelo jazz e como um álbum ousado.

No recente videoclipe para a canção Lazarus, realizado por Johan Renck, surgia de corpo magro e envelhecido, deitado numa cama de hospital. É natural que se façam agora alusões de que seria uma espécie de carta de despedida, mas todos os que privaram com ele nos últimos tempos e que fizeram declarações públicas – do produtor Tony Visconti ao saxofonista Donny McCaslin – sugeriam que estaria em grande forma.

Em 2013, depois de dez anos de quase silêncio, surpreendeu o mundo, regressando ao activo de surpresa. Até o seu último biógrafo, o jornalista inglês Paul Trynka, que havia escrito um ano antes o livro Starman – The Definitive Biography (2012) ficou boquiaberto com o regresso a 8 de Janeiro desse ano, no dia em que completou 66 anos, mostrando ao mundo uma nova canção, Where are we now?, e dois meses depois o álbum The Next Day, dez anos depois do último lançamento.

Na altura, em conversa com Trynka, este dizia-nos que havia sido uma surpresa enorme “porque conseguiu gravar um álbum em segredo total”, acrescentando que o impacto do seu regresso era justificado “porque teve uma influência tão grande sobre o som e a imagem da música actual que o seu desaparecimento havia deixado um grande vazio.”

Durante dois anos gravou esse disco, sem que ninguém soubesse, depois de muitas especulações sobre a sua saúde. É verdade que durante esses dez anos não esteve ausente por completo (surgiu em palco ao lado dos Arcade Fire, David Gilmour e Alicia Keys e colaborou pontualmente com TV On The Radio, Scarlett Johansson ou Kashmir), mas parecia ter-se remetido à condição de pai de família, levando uma vida tranquila em Nova Iorque, ao lado da mulher, a ex-modelo Íman, e da filha de anos de ambos, Alexandria. Afinal, não. O ano de 2013 foi o do seu grande regresso. Para além do álbum, houve também uma grande exposição no museu Victoria & Albert de Londres, que nos dava a ver a sua carreira nas mais diversas dimensões.

Desde os anos 1960 foi Ziggy Stardust, Aladdin Sane ou Thin White Duke. Foi mod, hippie ou glam-rocker. Augurou o punk, inspirou-se na electrónica alemã nos anos 1970, beneficiou da euforia provocava pela MTV nos anos 1980 e juntou-se à vaga dançante nos anos 1990.

Em 2004 foi submetido a uma angioplastia de urgência, o que levou ao cancelamento da Reality Tour, a poucos dias da passagem pelo Porto – naquela que seria a terceira presença em Portugal, depois da estreia no estádio de Alvalade em 1990 durante a digressão Sound + Vision e de um concerto em 1996, no festival Super Bock Super Rock, em Lisboa.

Era o mestre da reinvenção. Tornou-se um cliché dizer-se que era um camaleão, alguém que mudava de pele em cada novo álbum. Mas a verdade é que David Robert Jones, seu verdadeiro nome, surpreendeu inúmeras vezes, sugerindo novos conceitos, novas personagens, novas roupagens, influenciando a cultura musical das últimas décadas, mas também o imaginário visual e os estilos de vida de inúmeras gerações.

Público