Respeito

Morreu aos 105 anos Manuela de Azevedo, a mais antiga repórter do mundo

reporter

Morreu, aos 105 anos, a jornalista e escritora Manuela de Azevedo. A morte foi anunciada pelo Museu da Imprensa, que revela que Manuela de Azevedo morreu esta sexta-feira, dia 10 de fevereiro, no Hospital de S. José em Lisboa.

“Depois da morte de Clare Hollingworth, no dia 10 de janeiro deste ano, em Hong Kong, Manuela de Azevedo era a repórter mais antiga do mundo. Deixa uma obra vasta que honra o jornalismo e o mundo das letras, já que foi romancista, ensaísta, poeta e contista, tendo escrito também peças de teatro, uma delas censurada pelo regime de Salazar. Cortado pela Censura foi também um artigo que escreveu em 1935 a defender a eutanásia”, refere a nota do Museu da Imprensa. Recentemente, estava a trabalhar num livro com 200 cartas, grande parte delas já comentadas.

Nascida a 31 de agosto de 1911, Manuela de Azevedo era a mais antiga entre as associadas da Casa da Imprensa, tendo sido admitida em agosto de 1957. O interesse pelo jornalismo começou porque o pai era correspondente no jornal O Século. Começa a trabalhar no jornal República e passou pelo Diário de Lisboa. Viria a terminar a carreira no Diário de Notícias, destacando-se na reportagem e na crítica de teatro.

A par do jornalismo, escreveu e publicou várias obras literárias, entre poesia, conto, romance, biografia ou crónica. Fundou e presidiu a Associação para a Reconstrução e Instalação da Casa-Memória de Camões em Constância.

“Um dos seus feitos célebres como repórter resultou na primeira entrevista dada pelo ex-rei Humberto I de Itália, que se exilara em Lisboa, após a implantação da República. Manuela de Azevedo fez-se de criada para conseguir abeira-se do rei e o resultado foi espalhado pelo mundo, depois da sua publicação no Diário de Lisboa, em junho de 1946. Entre muitas das personalidades que conheceu e entrevistou está o jornalista e escritor Ernest Hemingway, prémio Nobel da literatura”, recorda a nota do Museu Nacional da Imprensa.