A torre de transmissão contra a qual se chocou o avião que levava a cantora Marília Mendonça em novembro do ano passado permanece no mesmo local seis meses após o acidente que vitimou a artista e mais quatro pessoas. Segundo moradores da região relataram ao GLOBO, a rota aérea continua a ser usada por jatos semelhantes que se dirigem ao Aeroporto de Ubaporanga, na cidade mineira de Caratinga. A Polícia Civil retomou nesta quinta-feira as investigações do ocorrido, enquanto a Força Aérea Brasileira (FAB) conduz uma apuração paralela que mira o trajeto da aeronave e o operador.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), unidade da FAB responsável por averiguar acidentes aéreos, analisa destroços do avião e elementos referentes ao deslocamento do bimotor de matrícula PT-ONJ.
O trabalho do Cenipa é subsidiado por investigações da Polícia Civil — e vice-versa —, que ficaram paralisadas por cerca de um mês. A apuração foi reiniciada ontem após decisão do Superior Tribunal de Justiça em meio a um impasse entre a Justiça Federal e a Estadual acerca de qual delas teria competência para deliberar sobre a prorrogação do inquérito.
Segundo o Cenipa, “a conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes”. A Polícia Civil afirma que não houve prejuízos ao trabalho uma vez que, “apesar de serem órgãos e análises independentes, elas se complementam na medida em que a Polícia Civil encaminha elementos informativos para a FAB, e a FAB encaminha laudos periciais da aeronave para a PC”.
Moradores da região contam que a rota feita pelo avião de Marília Mendonça continua sendo usada normalmente por outras aeronaves, embora ainda não haja uma definição sobre a segurança do trajeto.
— É um trajeto usado só pelos jatos, já que eles precisam de mais pista para aterrissar — disse Aníbal Júnior, dono do terreno onde o avião da cantora caiu.
De acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), as torres e cabos de transmissão estariam fora da zona de proteção do aeroporto, cumprindo com as determinações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), do Comando da Aeronáutica Brasileiro.
“Justamente pela torre de distribuição citada estar de acordo com todas as normas, nunca houve qualquer solicitação de alteração ou ajuste da estrutura à Cemig, assim como não há qualquer previsão nesse sentido”, disse em nota a companhia, que acrescentou que s cabos não precisavam contar com a sinalização de esferas de cor laranja por estarem fora da zona de proteção.
Para o advogado Sergio Alonso, que representa Vitória Medeiros, filha do piloto morto na queda do avião de Marília, a Cemig assumiu o risco de provocar acidentes ao criar um obstáculo a cerca de um quilômetro de distância da zona de proteção.
— Foi criado um obstáculo na reta final e na zona de transição de altura, onde se está baixando o avião. É um perigo criado em um lugar perigoso — argumenta o advogado, que afirma que a distância entre a torre e a zona de proteção é feita em cerca de 20 segundos por uma aeronave.
Fonte: terra
Créditos: polêmica paraíba