Cyndi Lauper, Bonnie Tyler, Kim Wilde, Taylor Dayne, Samantha Fox, Debbie Gibson — garotas brancas e bonitas que se aproveitaram do momento favorável à música pop dos anos 1980, com MTV e toda uma explosão novas de sonoridades, para povoar as paradas de sucessos. Mas coube apenas a uma delas a dominação do mundo pelas décadas seguintes: Madonna.
Ambição loura em pessoa, a americana que completa 60 anos de idade — ainda no topo — nesta quinta-feira (16) não chegou lá por acaso: com total controle sobre todos os aspectos de sua carreira, ela conseguiu, entre erros e acertos, criar o mais bem acabado mito feminino do showbiz de todos os tempos.
Até chegar ao seu primeiro disco, Madonna já fazia e acontecia na cena cultural de Nova York e, obviamente, já havia transitado por muitos estilos. Mas achamos prudente começar a galeria que celebra os 60 anos da rainha do pop com a imagem que estampou a capa de seu primeiro disco intitulado… “Madonna” (1983). A partir daquele momento, olhos marcados, pulseiras “empilhadas” e cabelos platinados virariam febre mundial Foto: Divulgação
O estilo continuaria em seu álbum “Like a Virgin”, lançado no ano seguinte. O disco faria sua carreira deslanchar de uma vez por todasFoto: Divulgação
Em sua primeira turnê, “The Virgin” (1985), Madonna se jogou nas cores e nas rendas, além de pendurar um punhado de crucifixos no pescoço. O acessório religioso é uma de suas marcas até os dias de hoje Foto: Divulgação
Que tal essa franja? A capa da revista “Time” de 1985 confirmou o posto de estrela internacional Foto: Reprodução
O visual do filme “Procura-se Susan desesperadamente” (1985), estrelado por Madonna e Rosanna Arquette, marcou uma geraçãoFoto: Divulgação
Em 1987, ela caía na estrada com a sua primeira turnê mundial, “Who’s That Girl”. O espetáculo inovou ao viajar o mundo com uma grande estrutura feita para estádios e uma intensa troca de figurinos, como este da fotoFoto: Reprodução
Ao aparecer com os cabelos castanhos no clipe de “Like a prayer”, Madonna mostrou como estava disposta a transitar pelos mais diferentes estilosFoto: Divulgação
Madonna foi assunto no mundo inteiro com a sua polêmica turnê “Blond Ambition” (1990). Entre as coreografias, havia uma cena em que ela simulava uma masturbação no palco. Mas o show também nos deu uma das imagens mais icônicas de sua trajetória: o corpete criado por Jean Paul GaultierFoto: Divulgação
Madonna lançou, em 1992, duas bombas: o clipe da música-título de seu mais novo disco “Erotica” (foto) e o livro “Sex”. Com cabelos bem curtos e platinados, ela influenciou a moda com o estilo sadomasoquistaFoto: Divulgação
Fenômeno de vendas “Sex” explorava toda a sexualidade da artistaFoto: Divulgação
Depois de tanto explorar a sensualidade, Madonna passou a adotar um tom mais “comportado”. Nessa época, ela interpretou um dos papeis de maior sucesso de sua controversa carreira de atriz. Foi quando fez “Evita”, em 1996 Foto: Divulgação
Ao lançar o seu álbum “Ray of light”, em 1998, Madonna surpreendeu o mundo com um visual místico e new age. Era a fase pós-maternidade. Dois anos antes, ela tinha dado à luz sua primeira filha, Lourdes Maria Foto: Fred Prouser / REUTERS
Em 2000 estava iniciada a era “Music”, e o visual new age ficou para trás. Ao lançar o álbum, a rainha do pop bebeu nas fontes do universo country para compor o seu visual. A foto acima é do clipe “Don’t tell me”, gravado apenas dois meses após o nascimento de seu segundo filho, RoccoFoto: Divulgação
Em “American life” (2003), Madonna tingiu os cabelos de preto novamente, adotou um tom político em suas letras e discursos e partiu para o combate em trajes militares Foto: Divulgação
No mesmo ano, a artista também se lançou no mercado infantil, ao lançar uma série de livros para crianças. Os fios dourados voltaram e as roupas comportadas tambémFoto: Michael Crabtree / REUTERS
O álbum “Confessions on a dance floor” chegou às lojas em 2005. Junto com ele, Madonna promoveu um verdadeiro revival da era discoFoto: Divulgação
No MET Gala de 2016, Madonna deu o que falar com seu modelito Givenchy com ares fetichistas, que abusava das faixas e transparências estratégicasFoto: Neilson Barnard / Getty
No mesmo ano, ela rodou o mundo com a sua última turnê até agora e mostrou como não abriu mão de toda a sua personalidade. Entre os figurinos do show, havia até um look “freira”Foto: Zak Kaczmarek / Getty Images
Recentemente, Madonna arrumou as malas e se mudou com a família para Portugal. Desde então, tem desfilado seus looks pelas ruas do país e compartilha tudo nas redes sociais. Os rumores de que um novo álbum musical estar por vir começaram recentemente. O que esperar? Não sabemos ao certo. Madonna é sempre imprevisível Foto: Reprodução/Instagram
Como nenhum outro artista antes, Madonna encarnou a dualidade sagrado/profano e fez dela o combustível da sua provocação. A casta e a devassa convivem nela desde “Like a virgin”, como se tudo fizesse parte dos mesmos desígnios divinos. Religião e lubricidade, corpo e alma, arte elevada e frivolidades pop, muitos são os elementos contrastantes que a cantora utilizou para construir uma obra que está bem além daquilo que aparenta. Amiga e discípula de Andy Warhol, ela operou o milagre de construir algo duradouro onde o descartável é a regra.
MÚSICA DANÇANTE, MAS ATITUDE PUNK
Assim como o ídolo David Bowie, Madonna não é uma artista pioneira de nada, mas teve a visão de aproveitar, na hora certa, o que estava passando bem debaixo do nariz. Ouvido hoje, “Madonna” (1983), seu LP de estreia, é um dos melhores retratos do soundclash de Nova York daqueles tempos — ali estava uma cantora de música dançante, pós-disco, mas com atitude punk.
Madonna no Met Gala deste ano, em maio – Neilson Barnard / AFP
Trinca inabalável, “Like a virgin” (1984), “True blue” (1986) e “Like a prayer” (1989) solidificaram, com um caminhão de hits, o poder de Madonna: canções buriladas (mas convencionais), variadas e com beats para qualquer pista de dança, que dão pistas sobre o personagem que a cantora criou para si: a da mulher livre, festeira e ambiciosa, mas que pode ser romântica. Em 1992, ela acrescentou o ultraje à lista com o lançamento do livro “Sex”, que serviu como promoção para o disco “Erotica”, primeira nota menor da sua discografia (as trilhas-sonoras para os filmes que participou ficam de fora — nenhuma chegou a ser realmente memorável).
Se a partir daí a produção fonográfica teve alguns momentos isolados de brilho — como a reinveção eletrônica em “Ray of light” (1998) e a volta ás raízes em “Confessions on a dance floor” (2005) —, no palco, Madonna sempre foi soberana, reinventando seus hits, aprimorando-se nas coreografias e criando fantasias visuais cada vez mais delirantes.
Madonna no Chafariz da Mãe D’Água, na praça da Alegria, em Lisboa, onde mora com os filhos – Reprodução / Instagram
E nada que venha de Madonna — sejam os shows, as novas músicas, clipes, casos, casamentos, filhos, controvérsias e mudanças corporais — escapa ao escrutínio da mídia. Falar de Madonna é algo para o qual os meios de comunicação parecem ter sido inventados. Que mesmo depois de Katy Perry, Lady Gaga, Rihanna, Beyoncé, Anitta, Nicki Minaj e Cardi B ainda estejamos dedicando reflexões a esta sexagenária senhora é sinal de que ela provavelmente viverá para sempre.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo