O estímulo visual é um dos principais quando se trata de excitação e sexo – o que tem como consequência o fato de que a pornografia é tão consumida, tanto por homens quanto por mulheres. Para além dos materiais mais produzidos e com atores e atrizes como protagonistas, existem os vídeos caseiros, mais conhecidos como sex tapes.
Se filmar durante o ato sexual é mais comum do que se pensa. Há inclusive um filme que retrata a situação, chamado Sex Tape: Perdido na Nuvem, protagonizado por Cameron Diaz e Jason Segel. Mas surge a dúvida: em tempos de hackers e sucessivos vazamentos, o que leva as pessoas a se arriscarem?
De acordo com a terapeuta e sexóloga Luísa Miranda, a produção de sex tapes tem a ver com vaidade e a brincadeira em torno de observar a própria performance. “Pode ser divertido e servir de repertório para a masturbação do próprio casal, que, em vez de usar o pornô tradicional, utiliza algo que é seu”, explica.
Ao contrário do que muitos pensam, a especialista diz que o ato de se filmar é diferente do voyeurismo – em que as pessoas gostam de observar pessoas em atos sexuais, ou mesmo ser observado por pessoas de fora nestes momentos. “Ser visto ou ver o outro está mais ligado ao exibicionismo”, esclarece.
Vale ressaltar que, tanto a auto filmagem quanto o voyeurismo não são limitados à penetração – os fetiche de se ver, ser visto ou ver o outro envolvem qualquer momento íntimo sexual.
Bateu curiosidade?
Se a decisão de se filmar foi tomada, o próximo passo é levar a ideia ao(à) parceiro(a) – já que, é claro, a primeira coisa a ser levada em conta é o consenso. “Qualquer proposta deve ser muito bem conversada. Além disso, é preciso uma maturidade sexual que, infelizmente, não é muito comum. De resto, é importante uma relação de confiança entre o casal”, aponta.
Independente de qualquer outro fator, há alguns cuidados que podem – e devem – ser tomados para evitar que situações indesejadas, como a exposição do vídeo, aconteçam. “Dá para ter o cuidado de deixar à meia luz, fazer uma coisa que não precise ficar tão explícita e que mostre muitos detalhes das pessoas envolvidas, o que facilitaria uma eventual identificação”, aconselha a sexóloga.
Luísa ainda alerta que, mesmo havendo confiança prévia entre o casal, é importante ter cuidado. “A gente nunca acha que algo de ruim vá acontecer com a gente, mas, se tratando de pessoas, é sempre bom ter um pé atrás”, indica.
Ih, vazou!
Como nem tudo são flores, a exposição da intimidade é a principal consequência negativa de se filmar. Ainda que a invasão e compartilhamento de conteúdos íntimos e pessoais sem autorização seja crime previsto na Constituição, é uma situação que se repete com frequência.
Existem, inclusive, alguns casos famosos de vazamentos de nudes ou sex tapes no mundo das celebridades. Um dos primeiros e que mais teve projeção, foi o da atriz Carolina Dieckmann que teve o computador invadido e diversas fotos suas foram expostas em 2012. A invasão serviu como inspiração para nomear a Lei 12.737/2012, sancionada no mesmo ano para tipificar os delitos ou crimes informáticos.
No caso disso vir a acontecer, a terapeuta diz que o indicado é tentar manter a calma para não “inchar” o acontecimento, além de tomar as providências legais. “Se a gente não tem como controlar algumas coisas, é melhor não fazer. O que eu sugiro é maturidade na hora de registrar, porque as consequências podem ser ruins”, finaliza.
Como guardar com segurança
O mais indicado em casos de sex tapes, é assistir e, logo depois, apagar – e, mesmo assim, ainda pode dar algo errado. Porém muitas pessoas, além de se filmar, gostam de guardar o material para ver novamente depois.
De acordo com o administrador de redes de dados Marcos Vinícius Cosac, não existe uma maneira 100% segura de armazenamento, sendo o mais recomendável que nem se produza este tipo de conteúdo. “Existem diversos sistemas de armazenamento e segurança, mas todos são vulneráveis e podem ser invadidos. Até a Nasa e o Pentágono já sofreram ataques”, avalia.
Como, de qualquer forma, há quem faça e guarde as sex tapes, o especialista afirma que a forma mais segura de armazenamento é uma que não deixe o material entrar em contato com a internet. “Se cair na internet uma vez, jamais vai sair de lá. Hoje existem HDs externos que criptografam os dados e exigem senha para acesso, além de virem com tecnologias que evitam a perda do conteúdo em caso de danos”, diz.
Para redobrar a segurança, o HD pode ser guardado em cofres dentro de casa ou mesmo em bancos. “O lado ruim é que, ao mesmo tempo em que se dificulta a invasão de terceiros, o acesso do próprio dono do HD é mais limitado do que seria em uma nuvem, por exemplo. Vai variar se a prioridade é o fácil acesso ou a segurança”, finaliza Marcos.
Fonte: Metropoles
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