Don Rickles, comediante que era considerado um mestre do insulto e que fez rir com o deboche e o sarcasmo durante uma carreira de décadas que lhe rendeu o apelido irônico “Senhor Caloroso”, morreu nesta quinta-feira, 6, em sua casa de Los Angeles de insuficiência renal aos 90 anos de idade, disse seu empresário.
Rickles, que contou ter desenvolvido seu estilo de zombaria bem-humorada porque não sabia contar piadas tradicionais, havia cancelado algumas apresentações recentemente, incluindo uma que faria em maio em Tulsa, no Estado do Oklahoma, que havia sido adiada nesta semana para novembro.
Sua morte foi confirmada por seu porta-voz, Paul Shefrin, que disse que Rickles deixa sua esposa, Barbara, a filha, Mindy Mann, e dois netos. Ele completaria 91 anos no mês que vem.
Nascido em Nova York, Rickles tinha tiradas intensas, velozes e muitas vezes improvisadas e um sorriso amplo e endiabrado. Ele fazia a alegria das plateias de clubes noturnos, da realeza de Hollywood e de políticos ao lançar insultos, mas tudo com muito bom humor.
Ao se encontrar com Frank Sinatra pela primeira vez durante uma apresentação de stand-up em 1957, Rickles saudou o temperamental cantor, que chegava com uma comitiva de tipos durões, dizendo “sinta-se em casa, Frank – bata em alguém”.
Para sorte de Rickles a piada agradou Sinatra, que se tornou um de seus maiores admiradores e passou a chamar o comediante baixo e calvo de “Cabeça de Bala”.
Apresentando-se décadas mais tarde no baile de gala da segunda posse do presidente norte-americano Ronald Reagan, Rickles não hesitou em cutucar o comandante em chefe, perguntando “está rápido demais para você, Ronnie?”
Mas os alvos mais frequentes do “Mercador de Venenos” eram os fãs que lotavam seus shows para ter uma chance de ser humilhados sendo chamados de “otário” ou pior. Celebridades compareciam com frequência só pela honra de ser ridicularizadas por Rickles, e nenhuma minoria ou grupo étnico escapava de sua língua ferina. (Por Jill Sergeant em Nova York e Piya Sinha-Roy em Los Angeles)
Fonte: Estadão