O segundo semestre sempre foi visto pelos administradores do país como a salvação da lavoura. Sempre que a economia vai mal, pede-se paciência pois o mercado costuma aquecer com a proximidade do natal. Mas este ano corre sérios riscos de ser diferente. Com crédito dificultado, ameaças de demissões e a perda do grau de investimento, além do arrocho fiscal proposto nesta segunda, tudo indica que o comércio viverá um de seus piores dezembros.
As taxas de juros para pessoa física subiram em agosto em todas as linhas pesquisas pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Um dos destaques ficou com o cartão de crédito, modalidade na qual a taxa de juros atingiu o maior valor desde março de 1999. Entre julho e agosto, a taxa ao mês subiu de 13,03% para 13,37%, e ao ano aumentou de 334,84% para 350,79%.
Pelo levantamento, a taxa média de juro subiu 0,08 ponto porcentual, de 7,06% ao mês em julho para 7,14% ao mês em agosto. Na base anual, a taxa subiu de 126,74% para 128,78%, maior patamar desde julho de 2009.
O aumento da taxa média de juro em agosto foi o oitavo no ano, e o 11º consecutivo. Segundo a Anefac, a alta pode ser explicada pela deterioração da economia, com o aumento do risco da inadimplência.
No cheque especial, as taxas atingiram o maior patamar desde janeiro de 2003. Segundo a Anefac, a taxa mensal subiu de 10,10% para 10,14%, e a anual aumentou de 217,28% para 218,67%.
Para os próximos meses, a Anefac acredita que os juros devem voltar a subir “tendo em vista o cenário econômico atual que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência”. Na semana passada, após a agência de rating Standard & Poor’s rebaixar a nota de crédito do Brasil, parte do mercado passou a acreditar numa nova alta do juro básico Selic. Já nesta segunda-feira, o Relatório Focus mostrou economistas mais pessimistas. O mercado piorou suas previsões para inflação e queda do PIB.