Hungria abre investigação contra cinegrafista que chutou migrantes

Petra Laszlo aparece em vídeo passando rasteira e chutando migrantes. Autoridades analisarão se houve delitos mais graves, diz procurador.

rasteira

 

A justiça húngara anunciou nesta quinta-feira (10) a abertura de uma investigação criminal contra a cinegrafista que foi filmada chutando migrantes que tentavam atravessar a fronteira da Hungria, informa a agência France Presse.

As imagens da cinegrafista Petra Laszlo da TV húngara passando uma rasteira e chutando migrantes que fugiam da polícia perto da fronteira da Hungria com a Sérvia rodaram o mundo e causaram indignação, num momento em que o país é criticado por sua atitude para com os refugiados. Assista ao vídeo acima.
As imagens mostram centenas de migrantes correndo através de um cordão policial perto da fronteira com a Sérvia. Cercada por colegas de profissão, Laszlo faz com que um homem que carrega uma criança tropece e chuta um outro menino que passa correndo.

Dois pequenos partidos opositores húngaros apresentaram uma queixa policial contra Laszlo, logo depois que as imagens começaram a circular nas redes sociais, na noite da última terça-feira.

“Como parte da investigação, as autoridades vão analisar se delitos mais graves foram cometidos”, indicou Sandor Toro, procurador do condado de Csongrad.

Nesta quarta, o Comitê Helsinque pelos Direitos Humanos assinalou que, como o repórter chutou várias pessoas, se condenada poderia enfrentar uma pena de prisão de entre um e sete anos, já que os fatos têm o agravante de a violência ter sido dirigida contra membros de um coletivo.

A cinegrafista, que foi demitida depois do ocorrido, trabalhava para o canal N1TV, ligado ao partido de extrema-direita Jobbik.

Uma página criada no Facebook com o nome de “Muro da Vergonha”, incluindo fotos, vídeos e comentários relacionados às imagens envolvendo a jornalista Petra Laszlo, já havia recebido milhares de curtidas.

Nesta quarta, a emissora em que trabalhava afirmou que a cinegrafista reconheceu sua ação, mas não quis dar explicações e não pediu desculpas.

A Hungria está nas últimas semanas na linha de frente na crise migratória, como porta de entrada da União Europeia de dezenas de milhares de pessoas, vindas principalmente da Síria.

O país tem sido muito criticado por ter construído uma cerca de arame farpado ao longo de toda a sua fronteira com a Sérvia, e por suas gestão dos migrantes que chegam em seu solo.