Médicos e enfermeiros retornam ao tempo do fax e papel para manter o centro em funcionamento
Os computadores do Hollywood Presbyterian Medical Center (HPMC), em Los Angeles, na Califórnia, estão inoperantes há mais de uma semana. Não por um problema técnico, mas por um sequestro virtual. Criminosos invadiram os sistemas do hospital e pedem o pagamento de resgate de 9 mil bitcoins, algo em torno de US$ 3,6 milhões, para liberar a rede.
Em entrevista à emissora NBC, o diretor executivo do hospital, Allen Stefanek, declarou que funcionários começaram a perceber “questões significativas de tecnologia da informação e declararam emergência interna”. O ataque foi detectado no último dia 5. O FBI confirmou que está investigando o caso, sem divulgar detalhes.
Ataques desse tipo são conhecidos como ransomwares. Criminosos usam técnicas hackers para assumir o controle de sistemas e pedem o pagamento de resgate para restaurá-lo. Pessoas comuns também são vítimas desse tipo de ação, com o sequestro de equipamentos, contas de e-mail e redes sociais.
Sem o sistema, médicos, enfermeiros e outros funcionários tiveram que retornar ao papel. Alguns pacientes tiveram que ser transferidos para outros hospitais, porque parte do maquinário médico não funciona offline. Computadores são essenciais para várias atividades, como tomografias, documentação, análises laboratoriais e farmácia.
Como um retorno ao passado, médicos se comunicam por fax, pacientes precisam se dirigir ao hospital para pegar resultados de exames e enfermeiros anotam informações sobre pacientes em arquivos de papel.
— As coisas estão um pouco devagar — disse Tina Bordas, enfermeira há 27 anos que representa a classe do HPMC no sindicato local.
O analista da Kaspersky Sergey Lozhkin realizou estudos recentes sobre a vulnerabilidade de hospitais. Em um teste controlado, ele relatou ter sido muito fácil ingressar nos sistemas de um hospital e ter acesso a equipamentos sensíveis, como tomógrafos e outras máquinas de imagem. Ataques hackers, diz o especialista, podem ameaçar a vida de pacientes.
— Um hacker pode alterar os registros de medicação de um paciente, mudar o resultado de exames induzindo o médico a erros — alerta Lozhkin. — Os atacantes também podem roubar informação valiosa sobre a saúde dos pacientes, além dos dados cadastrais e bancários.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo