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Geraldo Azevedo critica apoio de Elba Ramalho a Bolsonaro

Foto: reprodução

Geraldo Azevedo, artista homenageado no Carnaval de Recife em 2023, fez um show no Marco Zero, onde cantou os sucessos e recebeu convidados, como os amigos Elba Ramalho e Alceu Valença.

 Em entrevista à Folha de S. Paulo, Azevedo disse que não guarda mágoas de nada, mas se ressente de Gal Costa ter falecido sem gravar uma canção sua.

“Em 1997, ele lançou o disco “Bossa Tropical” e logo pensou que a voz de Gal poderia soar bem ao disco. Mas a cantora não aceitou o convite e ainda fez um álbum com o mesmo nome, em 2002, sem gravar a música homônima do compositor pernambucano”, destacou a reportagem.

“Achei uma coisa maluca, própria do universo da música, que não tem parâmetro das coisas. Lamentei muito que Gal foi embora e nunca cantou uma música minha, eu achei que ela ia cantar, assim como eu acho que Maria Bethânia ainda tem de cantar, se ainda der tempo”, espera o artista.

Sobre o Carnaval, apesar dos ritmos carnavalescos parecem vocacionados à felicidade, as canções de Azevedo se notabilizaram por rimar folia com melancolia.

Ele justifica que a tristeza seria a paixão que sofreu na época da ditadura. Em 1969, os militares invadiram o apartamento onde moravam com sua mulher, Vitória, e um casal de amigos. Todos foram presos, Azevedo sofreu as primeiras sessões de tortura. Em 1975, o cantor voltou a ser preso e torturado. Encapuzado e nu, era obrigado a tocar para os próprios torturadores.

Azevedo conta que precisou de anos para lidar com o paradoxo imposto pelo regime militar. “Hoje entendo que uma das características de qualquer ditadura não é ter lógica nenhuma”, afirma, apontando que para ele é muito difícil lidar com os acenos de Elba Ramalho ao bolsonarismo.

Segundo ele, o posicionamento de Elba acaba criando rusgas entre os integrantes do Grande Encontro. “Ficamos chateados com ela, desde a época que ela fez campanha para o Fernando Collor, eu não discuto mais, eu faço show com ela, mas a gente não fala em política, porque teve momentos em que discutimos, e ela teve atitudes mais grosseiras”, contou Azevedo. “Às vezes Alceu se exalta, eu não diria que isso afeta a amizade, mas afeta a convivência, nunca vou deixar de ter carinho pela Elba, mas não tenho mais a mesma disponibilidade que tive com ela, porque fica muito inaceitável em certas situações”.

Fonte: Polêmica Paraíba com Brasil 247
Créditos: Polêmica Paraíba