Nora teve seus dias de “funcionária pública”. A gatinha foi adotada pelo deputado federal Noraldino Júnior (PSC), presidente da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e passou dez dias vivendo no gabinete do parlamentar.
A gata de aproximadamente um ano havia sido abandonada em Macacos, na cidade de Nova Lima, localizada na Grande BH. Após ser resgatada por protetores, ela foi adotada pelo deputado, que decidiu levá-la para seu gabinete. “A intenção era incentivar a adoção de animais, um tema que debatemos muito na comissão”, afirma Noraldino Júnior.
No entanto, a gatinha que chegou até a compor a mesa durante uma reunião da comissão, no dia 15 de outubro, não agradou a todos. “Algumas pessoas reclamaram, disseram que aqui não é lugar apropriado para um animal”, diz o deputado sobre os argumentos usados pelos opositores à Nora.
Na semana passada, o deputado recebeu a informação que a gata não poderia mais ficar na Assembleia. Agora ela vai morar com Nathalia Fagundes, assessora de comunicação do parlamentar, que se apegou à gatinha.
“Ela alegrou nosso ambiente de trabalho, fez muito bem para o nosso dia a dia”, diz o deputado sobre o tempo que a bichana viveu na Assembleia. Segundo o ele, Nora é muito tranquila e gostava de ficar em cima da mesa de seu gabinete ou tomando sol na janela, que foi telada para evitar acidentes. “Eu e meus assessores nos revezávamos para cuidar dela”, diz.
O deputado conta que tem quatro cães em casa, dois deles retirados das ruas. Ele também resgatou um cavalo que era vítima de maus-tratos e hoje vive em um sítio.
Para o parlamentar, além da falta de conscientização da população, que às vezes adota um animal para abandoná-lo novamente, falta também atitude do poder público. “Infelizmente, até bem pouco tempo atrás não se considerava a questão dos animais como política pública e, por isso, muito pouco se investiu. Essa inércia gerou a triste realidade dos animais abandonados, procriando indiscriminadamente, sofrendo maus-tratos e transmitindo zoonoses”, afirma.
“Enquanto o bem-estar dos animais não receber a atenção devida do Poder Executivo, nós, protetores, vamos continuar lutando com muita dificuldade para cuidar deles. Vale lembrar que a Constituição Federal, em seu Art. 225, §1º, VII, impõe ao poder público proteger os animais”, diz o deputado, que além de presidente da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais, luta pelo fim do comércio de animais no Mercado Central de Belo Horizonte e defende projetos em tramitação na Assembleia que proíbem rodeios, vaquejadas e provas de laço em Minas Gerais.
Folha