Em contato com a assessoria de Chico César, Domingos contou que ficou impactado pelo álbum “Estado de Poesia” e, especialmente, pela música “Reis do Agronegócio”: “Quando ouvi aquela música incrível, com toda aquela verdade poética científica e social junta, vi claramente que descrevia muita da realidade que as flores da Chapada, infelizmente ainda muito pouco conhecidas, têm passado frente às ameaças da expansão do agronegócio”, compara Domingos.
Mas sua admiração por Chico César vem de muito antes. “Gosto de sua música desde minha juventude. Depois, em 2011, passei o ano em Bozeman, Montana, Estados Unidos, trabalhando no laboratório de meu professor e hoje muito amigo Matt Lavin e ouvíamos bastante ‘Prosa Impúrpura do Caicó’ enquanto a neve caía lá fora”, relembra o biólogo.
A flor
A Aeschynomene chicocesariana “apareceu” na vida de Domingos em 2015 durante uma expedição em Ibicoara. “Fizemos uma trilha nos gerais do Machombongo, mas estávamos à procura de uma outra espécie de planta – as informações da coleta desta amostra é que nos levou até aquela localidade. Durante a trilha, me deparei com uma espécie interessante da família das leguminosas. Eram apenas algumas poucas plantas, crescendo isoladamente no meio daqueles gerais com um horizonte lindo e quase infinito em biodiversidade”, conta o cientista.
Ali começou o processo de identificação e catalogação, que incluiu estudos detalhados da morfologia e sequenciamento de DNA, levando o cientista à certeza de que aquela planta é de uma espécie realmente desconhecida pela ciência.
Aeschynomene chicocesariana teve sua descoberta publicada pela American Society of Plant Taxonomists e o artigo científico completo pode ser acessado em aqui.
Sobre o cientista
Formado em ciências biológicas e com mestrado, doutorado e pós-doutorado na área, Domingos é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e também pelo programa Newton Advanced Fellowships da The Royal Society (Reino Unido). Domingos já realizou palestras fora do país e recebeu prêmios internacionais como resultado do seu trabalho.
“Tive a felicidade de, durante meu período de formação acadêmica, ter atravessado o período do governo de Lula e todo o impacto que isso causou também com relação às oportunidades de bolsas em universidades pequenas, e, particularmente, no Nordeste”, comenta Domingos.
“Nunca precisei migrar pra estudar em São Paulo, tive toda a minha formação no Nordeste, em uma universidade estadual que teve oportunidade de crescer bastante em seu programa de pós-graduação”, complementa o cientista, reforçando a importância do olhar público para o ensino superior fora dos grandes centros.
Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Jornal da Paraíba