Palavrão

Falar palavrão é sinal de inteligência, de acordo com cientistas

O uso de linguajar obsceno por vezes é associado a pessoas sem vocabulário, incapazes de se expressar de forma inteligente. No entanto, de acordo com informações a Science Alert, cada vez mais estudos mostram que falar palavrões pode sinalizar maior inteligência.

Para algumas pessoas, pronunciá-los se tornou um hábito. Elas optam pela ação para diferentes contextos e fins, que incluem efeito linguístico, transmitir emoção, rir e até mesmo ser deliberadamente desagradável. Sabendo disso, psicólogos do Marist College, em Poughkeepsie, Nova York, interessados em quando e por que as pessoas falam palavrões, resolveram ir além do estereótipo.

Então, em um estudo, eles encontraram ligações entre quão fluente uma pessoa era na língua inglesa e quão fluente era em palavrões. A primeira, chamada de fluência verbal, pode ser medida nos voluntários quando eram pedidos para pensar em muitas palavras que começavam com uma determinada letra do alfabeto em apenas um minuto. Uma vez que as pessoas com maiores habilidades de linguagem geralmente podem pensar em mais exemplos em um período tão curto, com base nessa abordagem, os pesquisadores estabeleceram a tarefa.

Ao comparar os resultados, eles verificaram que os voluntários que obtiveram pontuações maiores nos testes de fluência tendiam a ir bem nos de palavrões. Enquanto que, os que iam mal nos de fluência, também o faziam no outro. Essa correlação sugeriu que o hábito não é simplesmente um sinal de pobreza de vocabulário, linguagem ou baixa inteligência, mas sim a característica de um orador articulado que pode se comunicar com a máxima eficácia. Ainda, os pesquisadores consideraram que o uso de tais palavras obscenas pode ir além do uso comunicacional.

Alívio natural da dor

Os cientistas também pediram aos voluntários que mantivessem a mão na água gelada durante o máximo de tempo que pudessem tolerar enquanto pronunciavam um palavrão. O mesmo grupo foi submetido à mesma ação, mas quando deveriam utilizar palavras mais neutras. Em ambos os testes a frequência cardíaca dos participantes foi monitorada.

Os pesquisadores descobriram que os que xingavam enquanto resistiram à dor da água gelada por mais tempo classificaram a experiência como menos dolorosa, bem como apresentaram um aumento maior na frequência cardíaca quando comparados com os que repetiam a palavra neutra. Isso sugere que eles apresentaram uma resposta emocional à pronuncia do palavrão, ativando um mecanismo natural do corpo de luta e fuga, que libera adrenalina e acelera o pulso, aliviando também as dores por meio de uma analgesia induzida por estresse.

Relação emocional bidirecional

Como queriam investigar com mais profundidade como o palavrão e as emoções estavam interligados, um estudo mais recente teve como objetivo avaliar o oposto da pesquisa original. Então, ao invés de olhar para como o palavrão induzia emoções nos oradores, examinaram se as emoções poderiam causar um aumento na fluência destes.

Os participantes então foram convidados a jogar um jogo de armas, a fim de aumentar a excitação emocional. Eles realizaram a atividade durante 10 minutos, exploraram ambientes virtuais, lutaram e atiraram contra uma variedade de inimigos. Os pesquisadores descobriram que essa foi uma forma bem-sucedida de despertar emoções, uma vez que os participantes relataram sentimentos mais agressivos depois do jogo, quando comparados aos voluntários que brincaram apenas com games de golfe.

Em seguida, os participantes assumiram novamente as tarefas de fluência. E, conforme previsto, os que jogaram games de tiro foram capazes de listar mais palavrões do que os que jogaram golfe. Logo, isso confirma a existência de uma relação entre palavrões e emoções, não apenas que eles provocam respostas emocionais – como mostrado no estudo envolvendo a água gelada – como também podem facilitar uma maior fluência das palavras obscenas. O que os estudos sugerem é que a linguagem é um conjunto de ferramentas sofisticadas, e os palavrões de fato fazem parte dela. Ainda, eles estão intrinsecamente ligados às experiências de sentimentos e emoções.

Fonte: Jornal Ciências