Facebook anuncia o 'facekombi', laboratório itinerante para empreendedores nas favelas

Facekombi

Pesquisa divulgada nesta pela Central Única das Favelas (Cufa), no Rio de Janeiro, e pelo Instituto Data Favela, nesta terça-feira, 10/11, revela que 42% dos mais de 12 milhões de moradores de favelas do país pretendem iniciar o próprio negócio, contra 26% dos demais brasileiros. Elaborada entre os dias 17 e 25 de setembro com 2 mil pessoas nas favelas de todos os estados brasileiros, a consulta indica que 92% dos internautas das favelas utilizam a ferramenta do Facebook.

Segundo Renato Meirelles, fundador do Instituto Data Favela, 61% dos moradores das favelas entram na internet, contra 54% do restante da população do Brasil. O estudo apura ainda que os jovens são os que tentam ser os mais conectados: 87% das pessoas entre 14 e 18 anos acessam a internet uma vez por semana ou mais. “Graças às redes sociais, os moradores da favela conseguem ter clientes de fora. Isso é importante porque, por mais que as favelas movimentem atualmente R$ 74 bilhões, eles conseguem ter um dinheiro de fora”, pontua o especialista.

Capacitação

A Cufa e o Facebook aproveitarma o evento para anunciaram uma parceria para capacitação dos pequenos e médios empreendedores das favelas. Um dos fundadores da Cufa, Celso Athayde, informou que o projeto será iniciado na capital fluminense, mas deverá se expandir para todo o estado e para o Brasil. “Na verdade, o empreendedorismo é uma característica muito forte nas favelas. Quando surge a internet nas favelas, as pessoas passam a fazer isso com muito mais força. Elas passam a negociar melhor, a ter mais clientes fora da favela. Passam a transportar coisas”, disse Athayde.

De acordo com Athayde, as favelas sempre tiveram uma grande rede social. Segundo ele, a internet acabou potencializando e consolidando essa tendência. Ao constatar o uso do Facebook pela grande maioria dos moradores das favelas, a Cufa percebeu a necessidade de capacitar melhor os pequenos empreendedores locais que usam esse instrumento.

“Essa é uma busca permanente da Cufa. Já temos parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e com a Fundação Dom Cabral. Decidimos estabelecer a parceria com o Facebook, porque isso daria escala ao que já vinha sendo feito. Daremos cursos de capacitação de empreendedorismo com a Universidade Estácio de Sá, que fornecerá a certificação necessária”.

Inicialmente, a iniciativa atenderá dez favelas do município do Rio de Janeiro. “Será um grande piloto. A partir daí, expandiremos para todo o Rio de Janeiro e todo o país. É um projeto nacional, começando pelo Rio de Janeiro.” Conforme Celso Athayde, será montado no viaduto de Madureira, zona norte do município, onde funciona a sede da Cufa, um grande laboratório para receber pessoas das comunidades, atender pequenos empreendedores e pessoas com problemas de deslocamento livre em razão das diferentes facções existentes nas favelas.

Também será montado um laboratório itinerante, denominado “Facekombi”, onde os moradores poderão fazer os cursos nas próprias comunidades. “Levamos todos os equipamentos. Nos juntamos aos empreendedores e mostramos que eles podem usar essa ferramenta, inclusive para ganhar dinheiro”, explicou Athayde.

“Pequenos e médios negócios são um dos principais fatores de crescimento econômico do Brasil e observamos que estes empreendedores utilizam a tecnologia sempre de forma muito criativa. Em parceria com a CUFA, vamos dar as ferramentas corretas para que eles possam aproveitar novas oportunidades e expandir seus negócios ainda mais”, afirmou Patrick Hruby, diretor geral para Micro e Pequenas Empresas do Facebook para América Latina.

No último ano, o Facebook treinou empreendedores em Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo. Mais de 1.000 empreendedores, como cabeleireiros, donos de restaurantes, fotógrafos e artesãos, foram capacitados em Heliópolis e agora utilizam o Facebook e outras ferramentas de marketing digital para desenvolver seus negócios e buscar maneiras de fazê-lo crescer.

O Facebook acredita que os Jogos Olímpicos Rio 2016 vão trazer uma enorme oportunidade para pequenos e médios empreendedores do Rio de Janeiro. E, para assegurar que as pessoas tenham acesso às ferramentas certas para aproveitar essas oportunidades, a central móvel de treinamento “Facekombi” vai percorrer, entre dezembro de 2015 e julho de 2016, as favelas do Morro do Dendê, Chapadão, Vila Aliança, Cidade de Deus, Rocinha, Acari, Complexo da Pedreira, Vila Vintém, Vidigal e Complexo Alemão incentivando a economia criativa e mostrando o potencial do Facebook para geração de vendas e emprego.

Fonte: Convergência Digital