Quase que ele nasce no palco, na noite de São João de 25 de junho de 1987 em Campina Grande. A mãe, Elba Ramalho, dividia o show com Luiz Gonzaga. A bolsa estourou ali, no oitavo mês da gravidez, e nasceu Luã Yvys. Hoje músico e produtor, o primogênito de Elba (do casamento com Maurício Mattar) está lançando o seu primeiro álbum autoral, “Essenímico”. O título foi criado por ele: tem a ver com essência. “Essa palavra é uma junção de universos, de energias, como respirar mais profundamente a criação”. Ele compôs, produziu, arranjou, toca e canta em todas as faixas. A base principal veio de uma temporada nos Estados Unidos, onde ele viveu dos 20 aos 24 anos, estudando música e se especializando em produção musical, pela Berklee Music College, em Boston.
São 13 faixas, cujo propósito é mostrar um trabalho próprio, que está conectado com a espiritualidade de Luã e com a energia boa do mundo. O nome dele é Luã Yvys Ramalho Kirk Mattar. “Yvys vem do tupi guarani”, comentou. “Eu tenho trinta e dois anos e amadureci bem esse trabalho, mas fiz a primeira música, “Imo seio”, quando eu tinha 17”, disse ele, se referindo à última faixa do álbum. “Essa canção não nasceu aqui, mas se encaixou perfeito com as novas canções que lançamos nesse disco”. O álbum convida o ouvinte para uma imersão musical, através da inovação do artista. “Exato, na capa estou de olho fechado. E isso tem a ver com o fato de eu ter ido buscar novas harmonias, essa identidade, esses versos que estão ligados a tudo que está aí. Algumas pessoas escutaram antes de estar pronto e diziam que meu trabalho tem essa coisa de mundos diferentes, do world music, como se diz hoje no mundo, O que é legal é que esse som do mundo é também uma sonoridade muito brasileira, tem muito do nosso país”.
Para esclarecer melhor os temas, a percepção do ouvinte, as letras são metafóricas, extraídas do cotidiano, do homem, de seu comportamento, do que já vivemos e viveremos, com sinais e faróis velozes. “Outro dia, estava no aeroporto e veio na minha cabeça a inspiração de uma melodia – da canção “Meu caminho”, primeira para este disco. Nasceu ali a melodia e, depois, veio a letra. Sem o instrumento, para não esquecer nada”. A faixa “Canto das almas” desenha a sensação da melhor mensagem do artista: “É no canto da terra, no canto da água, no canto do fogo, no canto do ar, é no canto das folhas, no canto da mata, no canto das ervas, no canto de lá, no canto da massa, no canto do povo, no canto do corpo, no canto do dia, no canto da noite, no canto da lua, no canto do mar se a maré virar”. E mais:
– Essa canção é bem bonita e a letra é forte. Minha música tem origem na raiz das culturas do mundo. Tudo isso é fruto de uma gestação. Eu vivo assim e sou uma pessoa espiritualizada, observando as coisas do mundo. Por mais que as músicas sejam bem humanas, mas está tudo ligado”, acrescenta. A quarta faixa, “Habitat”, traz a linguagem do corpo. Todos esses signos em movimentos que falam, mas também é uma canção de protesto. “Cheio de mato queimado, mata o que está pra nascer,. E é muito atual, com tudo que está acontecendo no país, esse óleo negro nas praias, o povo que está triste, muita insegurança. O disco era para ter apenas dez músicas. Habitat nasceu junto de “Impermanente” e “Assombrando”. Foram feitas em três dias e entraram por último no projeto e se tornaram pilares”. O disco foi mostrado aos pais no estúdio. “Eles gostaram muito. Minha mãe já tinha conhecimento de algumas coisas, eu tinha mostrado voz e violão para ela, e ela ficava muito curiosa para saber mais. Só mostrei mesmo numa audição final no estúdio. Ela se emocionou muito”.
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Fonte: Portal Correio
Créditos: Portal Correio