Passista com nanismo já foi impedida de desfilar por conta da altura: “Foi horrível”
Pelo 12º ano, Viviane de Assis se prepara para desfilar e defender sua escola de coração, a Viradouro. Com 1.25m de altura, a passista nos dá uma aula de garra e até, como dizem por aí, uma certa ‘inveja’ pela leveza que enfrenta suas batalhas: com amor, humor e um sorrisão. Portadora de nanismo, Viviane se tornou ícone na Marques de Sapucaí mas conta que até hoje sofre preconceito.
“Se eu falar que nunca sofri preconceito estaria mentindo. Até hoje é assim, só que hoje tenho uma marca registrada no Carnaval. No meu início na Viradouro, as próprias passistas me olhavam com aquele ar de graça, e ali mostrava que o meu tamanho nunca me impediu de nada. Para ser passista não precisa ter tamanho, tem que ter a minha beleza, tem que ter o meu corpo, o meu gingado e o meu samba no pé. Tamanho não é documento. Se fosse, a girafa seria rainha da selva”.
Vivi relembra que uma das piores situações que passou foi no Carnaval de 2015, quando tentou ser Rainha da Corte do Carnaval do Rio de Janeiro e ao chegar no local da inscrição descobriu que a altura mínima era 1,60m.
“Foi horrível, porque tinha que ter essa barreira? Muitas pessoas me chamaram de monstro, falaram que o Carnaval estava diminuindo. Só que eu, graças a Deus, tive uma criação muito linda dos meus pais, eles nunca esconderam que eu era pequena e que seria assim para o resto da minha vida. Me ensinaram a amar, a viver e a ir à luta, isso me faz ultrapassar barreiras a cada dia.”
Apesar das lutas diárias, a passista se diz satisfeita por receber da diretoria da agremiação da escola o respeito e carinho que todo portador de nanismo deveria receber. Para ela, mesmo desfilando há mais de uma década na Viradouro, sempre é como se fosse a primeira vez.
“Todo ano quando estou na concentração, fecho meus olhos, faço minha oração. Dá aquele friozinho na barriga, dá um arrepio, sinto a bateria e vou. É uma coisa muito gostosa.”
Vivi diz ainda que uma das coisas mais gratificantes é saber que é um exemplo para tantas outras pessoas. “Passo naquela avenida, do setor 1 ao setor 13 e a arquibancada vem ao chão, é gritaria, aplauso, pessoas pedindo fotos, homens e mulheres vem até mim e me dizem que eu consigo levar felicidade para eles, que independentemente do meu tamanho mostro uma alegria enorme”.
E outro assunto que a faz se derreter é quando fala de ‘seus dois homens’. Seu filho Paulo Rodrigo, de 18 anos e o marido, Jonas Wallace, com quem reatou há nove meses.
“A segurança que esses dois trazem para mim é a coisa mais gostosa desse mundo. Posso falar que sou uma pessoa abençoada, pois tenho uma família maravilhosa. Quando um não pode me acompanhar o outro vai.”
A passista ensinou sua família a não sofrer pelo preconceito das pessoas: “Às vezes eles se irritam com comentários das pessoas. Meu marido tem 1,93m e quando estamos na rua andando de mãos dadas tem sempre alguém que faz uma piadinha. Se meu filho ver, ele se irrita, quer brigar. Mas o que importa é o amor que ele transmite para mim e a educação que passo pra ele, isso não tem preconceito que vença”.
E sobre ter mais um filho, Vivi mais uma vez usa do bom humor: “Só quando eu crescer. Acredito muito na palavra de Deus: ‘Crescei e multiplicai-vos’. Quando eu crescer eu multiplico (risos)”.
Fonte: Yahoo
Créditos: Yahoo