Corpos atléticos com rosto sereno, frequentemente nus ou vestindo roupas curtas. Ao contemplar uma estátua grega, somos facilmente remetidos a pensamentos sobre a vida amorosa desses povos, que foi longamente retratada na arte, filosofia e literatura.
Algo intrigante que essas fontes revelam sobre suas práticas sexuais é o fato de que a pederastia (relacionamento entre homens mais velhos e jovens) tinha papel central na sociabilidade grega, mostrando as enormes diferenças entre os valores gregos e os de nossa sociedade moderna.
Erotismo pedagógico
Segundo o professor Thiago Andrade, da Faculdade de Presidente Prudente, “Para a educação dos jovens atenienses, esperava-se que os adolescentes aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia”.
O relacionamento homoerótico tinha a finalidade de fazer o jovem atingir a vida adulta de maneira íntegra. Já com 12 anos de idade, o adolescente tinha a opção de se transformar em parceiro passivo de um homem acima de 25 anos.
Caso a família concordasse, o garoto assumia esse papel até os 18 anos e, quando completasse 25, se esperava que ele assumisse o papel ativo. Segundo registros antigos referentes a Atenas, cidade mais bem documentada da Grécia Clássica, o indivíduo mais velho (denominado “erastes”) tinha função de proteger, amar e agir como um exemplo para seu amado (chamado de “eromenos”), cuja recompensa estaria em sua juventude, beleza e potencial.
Homossexualidade aceita?
Como a beleza estava intimamente relacionada à juventude e a corpos sem barbas ou cabelos grandes, somente a junção entre um jovem, que teria sua beleza a oferecer, e alguém mais velho, que tem sua sabedoria a oferecer, era vista como uma relação homoafetiva saudável.
Ainda que as relações eróticas entre homens sejam fartamente representadas na arte grega, não se conhecem muitos registros de homoafetividade feminina. A causa seria que provavelmente o papel representado por estas na vida social era menor.
As mulheres, que tinham casamentos arranjados com homens mais velhos por volta dos 16 anos, não eram consideradas cidadãs e, portanto, não precisavam passar pelos aprendizados sobre arte e filosofia que fundamentavam a prática da pederastia.
Fonte: Aventuras na História
Créditos: Joseane Pereira