Enxurrada em cidade no Sul do Piauí destrói cemitério e arrasta cadáveres

Familiares encontraram partes dos corpos espalhados em comunidade rural.
Sobrinha afirma ter reconhecido corpo do tio, que ainda estava com a calça.

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As enchentes que atingiram na semana passada a cidade de Dom Inocêncio, Sul do Piauí, destruíram um cemitério na comunidade rural de Duas Barras, a 25 km da zona urbana. A força das águas arrastou os restos mortais de várias pessoas que estavam sepultadas no local, e os familiares ainda tentam encontrar partes dos cadáveres para fazer um novo sepultamento.

De acordo com a estudante Maria das Mercês Oliveira, a enxurrada atingiu a comunidade por volta das 10h30 em 24 de janeiro, após o estouro de uma barragem. Somente à tarde os moradores perceberam que o pequeno cemitério havia sido destruído pela enchente e que os corpos tinham sido arrancados das sepulturas.

“À tarde, meu irmão foi até o cemitério e viu que estava destruído. Mas, como ainda estava coberto pela água, não vimos o tamanho do estrago. Só depois que a água baixou é que percebemos que as covas tinham sido arrancadas e os corpos, levados. Até agora achamos um caixão e um corpo quase inteiro, só faltando a cabeça. Esse corpo nós reconhecemos, pois ainda estava vestido numa calça. Era um tio meu”, contou Maria.

Segundo ela, o tio estava sepultado há aproximadamente dois anos. Várias partes de outros corpos também foram achadas ao longo do caminho percorrido pelas águas.

Os filhos de uma idosa que havia sido enterrada há cerca de três anos já foram à comunidade para tentar juntar os restos mortais da mãe. Um novo sepultamento deve ocorrer no próximo domingo (7), após a procura de mais corpos.

Ainda segundo a estudante Maria das Mercês Oliveira, os restos mortais da maioria devem ser enterrados todos juntos, já que não se consegue distinguir qual parte pertence a cada cadáver. O sepultamento será feito em um local próximo a área destruída.

O cemitério tinha pouco mais de 10 pessoas sepultadas, e apenas três sepulturas não foram destruídas pela enxurrada.

Além do cemitério, a casa onde a estudante mora com os pais na comunidade também foi invadida pelas águas e uma parte acabou desabando. A família precisou deixar o local e está na casa de um vizinho na comunidade.

Fonte: G1