O engenheiro da Prefeitura Municipal de Campina Grande, Roberto Cantalice encontrado morto dentro do seu apartamento, localizado às margens do Açude Velho, na manhã desta sexta-feira (14), tinha o costume de fazer anotações diárias antes de iniciar seus afazeres no decorrer do dia. Informações obtidas com exclusividade pelo Blog da Simone, dão conta de que no momento em que a Polícia Civil chegou ao local, havia um papel onde estava escrito: “Desconforto, vai passar… raiva”.
A frase pode remeter ao que ele estava sentindo no momento, uma vez que há a possibilidade dele ter sido vítima de um infarto ou até mesmo a pressão vivida nos últimos dias, em decorrência da série de denúncias que envolvia seu nome a um suposto esquema de corrupção, existente dentro da Prefeitura de Campina Grande, na época do então prefeito, Veneziano Vital do Rego.
Conforme informações preliminares da Polícia Civil que esteve no local, Roberto Cantalice morreu por volta das 5h30 da manhã e não havia sinais de envenenamento, reforçando a tese de infarto. Para averiguar a causa morte do engenheiro da PMCG, a Polícia Civil solicitou a presença da Polícia Científica, que esteve no local e fez o trabalho da perícia técnica, por meio de análise científica de vestígios deixados na ocorrência, mas até o momento, ainda não há conclusão dessas análises.
Ainda segundo a Polícia Civil, aparentemente não há indícios de que o engenheiro tenha praticado suicídio através de envenenamento, uma vez que o corpo de Cantalice não apresentava sinais de ter sido envenenado. A PC explicou que normalmente, pessoas que tentam se suicidar dessa forma, apresentam queimaduras, lesões ou manchas ao redor da boca, odores incomuns da respiração, no corpo, nas roupas, entre outros e, nada disso foi constatado pela PC, pelo menos no primeiro momento. A Delegacia de Homicídios está fazendo oitivas com a família da vítima para poder investigar o caso.
Denúncias
Segundo as denúncias do ex-tesoureiro da PMCG, Rennan Trajano, o engenheiro Roberto Cantalice seria o responsável por atestar os empenhos da empresa JGR. Empenhos esses no valor de mais de R$ 10 milhões que ao invés de terem sido utilizados em obras de calçamento, em Campina Grande, teriam sido desviados para irrigar a campanha eleitoral do então candidato ao Senado, Vital do Rego Filho e da então candidata a deputada federal, Nilda Gondim, em 2010.
Diante das denúncias do ex-tesoureiro, a Câmara Municipal de Campina Grande (CMCG), instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. A instalação da CPI foi aprovada, no último dia 4 do corrente mês e obteve 16 assinaturas. O início dos trabalhos, se deu na última segunda-feira (10), quando foram apresentados 18 requerimentos, dos quais 17 foram aprovados e um retirado por duplicidade.
A maioria dos requerimentos pede uma devassa nas contas dos envolvidos, da empresa JGR bem como do denunciante, o ex-tesoureiro Rennan Trajano. Na próxima segunda-feira (17), a CPI começará a ouvir os denunciados no suposto caso de corrupção na PMCG e não descarta realizar acareações.
De Simone Duarte