Depois de manter-se discreta durante a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), Fernanda Montenegro falou pela primeira vez sobre o próximo presidente do Brasil, eleito em segundo turno no último domingo (28).
“Eu não posso falar sobre o futuro. Eu posso falar sobre o presente. Ele não está lá por um milagre. Os brasileiros votaram mas nele do que no outro candidato. A pergunta é: corresponderá este homem a este voto de credibilidade que a maioria deu a ele?”, analisou a atriz de 89 anos ao UOL nesta terça (30), durante entrevista sobre os 20 anos do filme “Central do Brasil”.
Na visão de Fernanda, que foi ameaçada de morte durante a ditadura militar, quem votou no candidato do PSL não quer exatamente a volta do autoritarismo, mas, sim, que a sociedade melhore. “Não acredito que quem deu um voto a ele exija que ele vire um fascista enlouquecido, porque se isso acontecer, haverá uma reação. Senão estaríamos em um regime militar até hoje. Demorou muito para acabar [a ditadura], mas acabou.”
“Eu não quero falar de Bolsonaro, eu quero falar sobre este voto de credibilidade para que todo um atendimento social exista. Que a saúde exista, o saneamento básico, a creche, os empregos existam. [Ele] Está chegando ao poder porque existem milhões de desempregados”, complementou a atriz.
Fernanda Montenegro diz ainda que, caso Bolsonaro não contribua positivamente com o Brasil, a euforia de seus eleitores pode enfraquecer rapidamente. “Eu sei que, se não houver uma correspondência, uma harmonia e um atendimento nas necessidades sociais, [a credibilidade] pode parar no meio do caminho.”
Fonte: UOL
Créditos: UOL