Apesar de trabalhar “mudo” por 12 anos, Mionzinho fala. E manda avisar que com o fim do “Legendários”, sua carreira não acabou. Cover de Marcos Mion, Victor Coelho, de 32 anos, diz que desde que o apresentador anunciou que o programa chegaria ao fim após oito anos, os fãs lamentaram nas redes sociais como se o ator “nunca mais” conseguisse trabalho.
“Algumas pessoas encararam como uma tragédia. Queria deixar claro que minha carreira não acabou. O programa deixa de ser exibido como outros tantos programas, mas a gente continua. O elenco todo tem outras coisas para fazer”, afirma Mionzinho em entrevista ao UOL.
O assistente de palco disse que já desconfiava que o “Legendários” chegaria ao fim quando Mion marcou uma reunião com a equipe e comunicou que a atração não estaria na grade da Record em 2018. O apresentador seguirá contratado da emissora e está confirmado no comando da segunda temporada do reality show “A Casa”, prevista para o segundo semestre do ano que vem.
“Ele me chamou e disse: ’Conto com você em tudo que vou fazer, mas por enquanto o que tenho para mim é A Casa’. Não conseguimos conversar com calma, ainda temos a última gravação que acontece dia 20. Meu contrato com a Record vai até dia 31 e a diretoria da emissora não falou nada sobre o restante do elenco”, conta.
O “Legendários” estreou em abril de 2010 com a promessa de inovar no humor. Com elenco de peso, que contava com João Gordo, Miá Mello e Hermes & Renato, o programa seguiu a linha do “Pânico” e “CQC” – que estavam no auge – e se consolidou com a vice-liderança os sábados. Em março, a Record tomou a decisão de exibir o programa às sextas, o que o deixou em terceiro lugar na audiência, atrás de Globo e SBT.
Para Mionzinho, outro fator que influenciou a queda no ibope foi a guerra da empresa Simba, que uniu Record, SBT e RedeTV!, contra as operadoras de TV por assinatura, que deixaram de exibir os três canais bem na época da mudança de dia do programa.
“Já era uma missão difícil a gente conscientizar as pessoas de que o programa mudou de dia e ao mesmo tempo saímos da TV a cabo. Dobrou os problemas que teríamos pela frente”, afirma ele, que está triste com o fim da atração, mas conformado que “é apenas o fim de um clico”: “É um programa que eu gosto muito, que as pessoas da própria Record gostam muito. É uma pena”.
Vai continuar mudo
Em 2005, Victor Coelho estudava publicidade e propaganda quando recebeu o convite para fazer teste em um programa na MTV que seria apresentado por Marcos Mion. O apresentador havia acabado de retornar à emissora após passagem pela Band. A atração era o “Convernation”, que promovia duelos entre bandas covers.
“Conhecia uma amiga que trabalhava na MTV que me ligou e falou que o Mion procurava um assistente de palco parecido com ele. Fiz o teste e passei. E a parceria deu certo. É muito fácil trabalhar com o Mion. Ele me ajudou muito”, lembra o assistente de palco, que estudou depois para ser ator.
Não falar no ar durante 12 anos nunca foi problema para Mionzinho. Ficar “mudo” foi ideia dele e de Mion logo nos primeiros programas da MTV: “No ‘Convernation’ eu até tinha microfone, mas nunca tinha trabalhado com TV e nem usava. E tentava imitar o Mion em tudo que ele fazia no ar. Chegamos num consenso de que era legal e engraçado eu ser ‘mudo’”.
Ficar mudo na TV, ele afirma, nunca foi uma cláusula de contrato. Por estratégia, no entanto, ele diz que vai continuar preservando a voz por um tempo na televisão e mesmo com os fãs que o reconhecem na rua, para manter o personagem. “Eu sempre escuto: ‘Não quero foto, quero apenas que você fale para ouvir sua voz’. As pessoas estão agoniadas com isso”, conta ele, aos risos, após também recusar gravar um vídeo para esta reportagem.
No início da carreira, Mionzinho se incomodava com as críticas de que vivia à sombra de Marcos Mion, mas com o tempo ele diz que foi aprendendo a lidar com os haters: “Se você não se prepara, não é fácil aguentar. Mas hoje acabou e ninguém fala mais nada”, afirma ele, que é amigo pessoal do apresentador.
Quem quiser conferir sua voz não vai esperar tanto. Victor Coelho vai estrear em São Paulo, em 2018, a peça de teatro “Desigual”, drama e comédia que fala sobre um homem que não se identifica com as situações que ele vive no dia a dia. “Eu e duas amigas atrizes passamos o ano todo montando a produção. Eu já queria fazer teatro há um tempo. Não vou sumir”, avisa.
Fonte: Uol
Créditos: Gisele Alquas