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'Devemos combater fogo com fogo', diz Trump sobre tortura de presos

O texto ainda ordena que o Pentágono continue usando a prisão de Guantánamo -que Obama tentou fechar durante seu governo- para "deter e julgar os recém-capturados"

trump“Devemos combater fogo com fogo”. Foi assim que o presidente Donald Trump respondeu quando questionado em uma entrevista nesta quarta (25) sobre técnicas de interrogatório atualmente proibidas por terem sido consideradas tortura, como o afogamento simulado.

“Num momento em que o ISIS [Estado Islâmico] está fazendo coisas das quais não ouvíamos falar desde os tempos medievais, eu defenderia o waterboarding [afogamento simulado]?”, disse à ABC News. “Até onde eu sei, devemos combater fogo com fogo.”

Presos em Guantánamo; Trump deve assinar ordem que autoriza revisão de técnicas de interrogatório
Nesta quarta, a imprensa americana divulgou que Trump deve assinar uma ordem executiva que pode levar à revisão de técnicas de interrogatório banidas no mandato do antecessor e à reabertura de prisões secretas da CIA, fechadas no governo Obama.

Segundo Trump, “pessoas no mais alto nível da inteligência” disseram a ele que a tortura funciona -algo que especialistas militares contestam. Ele disse, porém, que vai escutar o que seus secretários têm a dizer sobre isso. O secretário de Defesa de Trump, James Mattis, é contrário à tortura.

O documento que seria o rascunho do decreto a ser assinado por Trump instrui os mais altos assessores de segurança nacional a “recomendar” ao presidente a retomada ou não do programa de interrogatórios de terroristas de alto risco fora dos EUA e se o programa deve incluir as prisões operadas pela CIA.

O texto, contudo, diz que as leis americanas devem ser obedecidas sempre e rejeita a “tortura”. “Nenhuma pessoa em custódia dos EUA deve ser, em momento nenhum, objeto de tortura ou de tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante, como previsto na lei americana”, afirma o documento. Resta saber o que será considerado tortura pelo governo Trump.

PRISÕES SECRETAS

As prisões secretas da CIA, que podem ser novamente autorizadas por Trump, funcionaram de 2002 a 2008 e eram o destino de capturados na “guerra ao terrorismo”, iniciada por George W. Bush após o 11 de Setembro. Obama, em sua primeira semana de trabalho como presidente, ordenou o fechamento dessas prisões -na época, ainda presentes no Afeganistão.

Foram revelados ao menos nove centros de detenção operados secretamente pela CIA durante o governo Bush em seis países –Afeganistão, Tailândia, Polônia, Romênia, Lituânia e em Cuba (Guantánamo).

O texto ainda ordena que o Pentágono continue usando a prisão de Guantánamo -que Obama tentou fechar durante seu governo- para “deter e julgar os recém-capturados” que tenham não só suspeita de ligação com a Al-Qaeda ou o Taleban, como os últimos 41 detidos, mas também integrantes do Estado Islâmico.

Na tarde desta quarta-feira (25), o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o texto da ordem executiva (similar a um decreto presidencial) que estava circulando entre jornalistas –e que foi divulgado na íntegra pelo “Washington Post”– não era da Presidência e, portanto, não confirmou seu conteúdo.

Fonte: Folha de S. Paulo