Agressão

Defensor de intervenção militar agride jornalista paraibana que cobria crise de combustíveis

A jornalista Ludmila Costa foi agredida enquanto trabalhava fazendo a cobertura das manifestações e problemas enfrentados...

 

A jornalista Ludmila Costa foi agredida enquanto trabalhava fazendo a cobertura das manifestações e problemas enfrentados pela população por conta da greve dos caminhoneiros. O fato foi registrado neste domingo (27), na capital paraibana, conforme ela narrou em uma postagem em seu perfil no Instagram.

A jornalista prestou queixa na Polícia Civil, onde foi feito um Boletim de Ocorrência contra o agressor, que foi filmado durante a ação. Ela não soube identificar quem era o homem, mas contou que ele defendia a intervenção militar, enquanto ela entrevistava um senhor a respeito das dificuldades para abastecer durante a greve dos caminhoneiros. Irritado, ele interferiu várias vezes na conversa de Ludmila com o entrevistado, até que o interlocutor ameaçou chamar a polícia. “Melhor seria chamar a ambulância porque esse cidadão não está em seu juízo normal”, disse ela. A partir daí, o defensor da intervenção militar passou a proferir vários xingamentos contra a repórter. O entrevistado interveio e deu-lhe um tapa. A confusão, então, foi generalizada.

Veja postagem feita por Ludmila:

“Ontem, assim como outros profissionais da imprensa, fui atacada e ofendida durante a execução do meu ofício maior, que é informar. Saí de casa num domingo à tarde, deixei família em casa, enfrentei a escassez de gasolina e seguir com a missão. Logo na primeira parada, um cidadão apareceu a pé e começou a atacar a imprensa de uma forma geral e depois direcionado a mim. “Cachorra” foi a palavra que escutei pela primeira vez de forma pejorativa.

Sou mulher, jornalista, estudante, filha e acima de tudo cidadã que cumpre seus deveres e obrigações. Não admito qualquer abuso, principalmente quando estou exercendo meu direito de trabalhar. O boletim foi registrado e tenho imagens do agressor. Vai responder na polícia por ameaça.

Porque me calar não é uma opção. Vou continuar falando o que penso, trabalhando no que gosto e defendendo o que é certo e justo. Ainda sinto no peito uma pontada de aflição por toda cena que presenciei. Agradeço de coração a um senhor que foi o único a me defender (as outras pessoas só assistiram de longe ou filmaram com celular). Gostaria de poder abraça-lo e agradecer pessoalmente. Enfim, fica o desabafo de mais um episódio dessa narrativa louca que estamos vivendo esses dias”.

A Associação Paraibana de Imprensa (API) lançou uma nota oficial sobre a agressão à jornalista

Leia abaixo:

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba vem a público para expressar seu mais veemente repúdio às reações de hostilidade e até mesmo de agressão a profissionais de imprensa da Paraíba. A intolerância e o desrespeito, infelizmente, têm vindo à tona em várias situações durante as coberturas da crise dos combustíveis e devem ser rechaçadas com ênfase. Cobramos das autoridades de Segurança da Paraíba que sejam punidos com rigor os cidadãos que atentam contra o livre exercício do mister de informar. Os jornalistas não devem ser censurados, coagidos, patrulhados, desrespeitados e muito menos agredidos por atuarem profissionalmente para levar à população informações para a sobrevivência em tempos caóticos como os que vivemos. Nossa solidariedade é prestada a todos os companheiros que tenham se sentido aviltados nos recentes episódios e estendemos a todos os profissionais, de todas as emissoras, nosso respeito e compreensão. Como jornalistas, defendemos o direito de TODOS. Não cabe a nenhum movimento julgar a quem fornecer informações, até porque vivemos em um país democrático e tolerante. Discordar é um direito, mas respeitar é um dever. A diretoria

Fonte: Parlamento PB
Créditos: Parlamento PB