O ambiente na grande maioria das empresas do País definitivamente não é agradável. Termos como cortes, layoffs e férias coletivas – amenizados pelos departamentos de Recursos Humanos como “ajuste de orçamento” – já viraram rotina para muita gente. Mas o que fazer em momentos como este, em que a economia não vai nada bem das pernas? De acordo com especialistas, é hora de aparecer e aproveitar para crescer na carreira.
Momentos de crise, em que novas fórmulas e soluções têm de ser testadas, armam o caminho para aquele profissional que não tinha espaço mostrar seu valor. É o que diz Adriano Gomes, professor de finanças para administradores na ESPM. “É hora de as pessoas demonstrarem interesse, não se acovardarem, arregaçarem as mangas, proporem soluções, o que deveria ser uma prática cotidiana. Neste momento que essas pessoas mais acanhadas podem aparecer”, explica.
De acordo com Gomes, tudo o que os chefes esperam neste momento é poder repartir os problemas – para encontrar novos caminhos – com outros profissionais. No entanto, os extremos de temperamento e ímpeto devem ser evitados: isso evita atrito com colegas e, até mesmo, problemas com hierarquia.
“É a tal da habilidade política, rara nas pessoas. Se [o profissional] não entender o momento oportuno que alia competência e oportunidade, [ele] não consegue. Essa leitura de como se posicionar e como ganhar confiança é uma habilidade”, diz.
Qualificação (prévia) é trunfo
Levantamento recentemente realizado com cerca das 500 maiores companhias do País pela Page Personnel, uma das maiores empresas globais de recrutamento, revelou que três em cada quatro corporações avalia a possibilidade de substituir funcionários que apresentem resultados abaixo do esperado.
Nesse cenário de alta competitividade, os valores criativos costumam ser mais valorizados e novas ideias ganham mais espaço. A tão valorizada capacidade produtiva pode ficar um pouco em stand-by e a demanda parte para o campo gerencial. Cenário bom para os mais qualificados, de acordo com o consultor Erik Penna.
“Aprecio a frase do [ex-técnico de basquete americano] John Wooden: ‘Você pode se lamentar das circunstâncias ou se preparar para as circunstâncias’. Sim, a qualificação precisa ser contínua, afinal, o capital humano é uma grande vantagem competitiva das organizações”, afirma.
Gomes tem a mesma opinião, acrescentando ainda que quem já vinha se qualificando mesmo antes da crise tem uma grande chance de passar incólume pela crise do mercado de trabalho. “A qualificação pode ser tardia. O ideal é que nesse momento, ele [o profissional] já esteja preparado e atualizado. É importante aproveitar momentos nos quais se tem caixa e investir em conhecimento”.
IG