O último dia 01 de agosto celebrou o Poeta da Literatura de Cordel, elemento que se tornou patrimônio imaterial do Brasil. Na Paraíba, o cordel tem sua história preservada até os dias de hoje no acervo da Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), guardando mais de 18 mil cordéis raros datados desde 1907, com títulos de autores renomados, como Ariano Suassuna e Leandro Gomes de Barros. Veja mais a respeito dessa história e os autores paraibanos que se destacaram.
História
No Brasil, o cordel ganhou fama pela população por volta do século 18, período em que se tornou conhecida como “poesia popular”. Pois, as técnicas vindas de Portugal ganharam novas temáticas de acordo com a região, por exemplo, no Nordeste.
Visando uma melhor compreensão por parte das pessoas, as histórias, divulgadas de maneira simples, eram também baseadas em temáticas regionais.
Foi através dos repentistas (violeiros), que a arte do cordel começou a ganhar espaço na época, sendo transmitido, principalmente, pela sua versão verbal/oral, já que a maioria do público que prestigiava era semianalfabeto.
A partir deste momento, os poemas, cantados e rimados em sua maioria, se espalharam com facilidade pelas ruas das pequenas cidades nordestinas, contribuindo para a construção do modelo de cordel, que levou em consideração seu aspecto musical.
Principais poetas paraibanos
Leandro Gomes de Barros
Natural de Pombal, entrou para a história da literatura do cordel, porque foi o primeiro brasileiro a escreve-los. Muitas vezes, é referido por reinventar o cordel, visto que não os escrevia como conhecemos hoje, mas sim, em folhetos e romances de feira diversos.
Segundo informações, Leandro ganhou fama após criar um dos maiores sistemas editoriais do Brasil naquela época, uma vez que iniciou sua produção e comércio a partir da própria casa.
No intuito de vender cordéis, Leandro tinha o costume de ir até às feiras, abrir um deles e ler um dos folhetos para o público. Quando chegava ao climáx da história, ele parava a leitura e convidava as pessoas para comprarem sua obra, para que, só assim, descobrissem o final.
Principais títulos de cordel
- O Cavalo que defecava dinheiro
Sendo uma inspiração para a peça teatral do Auto da Compadecida, é também considerado, um dos maiores clássicos da literatura nordestina, por se tratar, acima de tudo, de um romance, gênero popular na época de sua publicação.
- O Testamento do Cachorro
Usada também por Ariano Suassuna no produção do Auto da Compadecida, o Testamento do Cachorro, acabou se tornando uma crítica com tons de ironia à corrupção do dinheiro na sociedade.
João Martins de Athayde
Nascido em Ingá, no ano 1880, na Paraíba, João ganhou reconhecimento popular depois de utilizar na capa de seus cordéis, imagens de artistas de Hollywood.
Dessa forma, Martins integrou a primeira geração de autores de cordéis, além de ter sua própria editora com foco na produção e distribuição da literatura.
Após a morte de Leandro Gomes de Barros, Athayde adquiriu os direitos autorais das obras do falecido, o que facilitou a publicação.
Em entrevista para o Diário de Pernambuco, em 1944, João relata o seguinte:
“Em algumas me aproveitei do que noticiava o jornal, noutras do que me contava a boca do povo. E em algumas não me baseei em fato nenhum. Imaginei o caso e fiz o meu floreio. Conheci pessoalmente Antonio Silvino. Era no tempo o bandoleiro mais temido. Várias vezes conversou comigo.”
Ariano Suassuna
Natural de João Pessoa, Ariano foi, acima de tudo, desde o início de sua carreira como escritor e dramaturgo, um defensor da cultura nordestina. Apesar de público alvo ser o regional, seu talento atraiu a atenção de todo o Brasil.
Nesse sentido, inúmeras de suas obras eram voltadas para o imaginário popular, e, a partir de 1970, liderou o Movimento Armorial, com destaque nas expressões conhecidas pelo povo.
Esta ação incluiu diversas manifestações artísticas, a exemplo da literatura, cinema e teatro, modalidades mais trabalhadas pelo paraibano.
Em sua vida profissional, Suassuna recebeu ainda, o Prêmio Nacional de Ficção em 1973, além do prêmio da Fundação Conrado Wessel (FCW) em 2008.
Sem dúvidas, seu título mais conhecido, é o Auto da Compadecida(1955), que passou primeiramente pela literatura, até ser adaptado para filme décadas depois.