Aos 48 anos, Adriana* é uma executiva bem-sucedida da indústria alimentícia em busca de um rapaz para mimar: pagar jantares e viagens, talvez um curso de idiomas ou uma especialização… “Alguém na faixa dos trinta que me traga paixão, aventura e um vínculo que seja eterno enquanto dure”, diz, direta e sem qualquer constrangimento. Benefícios mútuos. Os caras da mesma idade, acredita, assustam-se com a sua autonomia ou estão procurando por novinhas. Ela foi uma das primeiras mulheres a se inscrever como “Sugar Mommy” na rede de relacionamentos Meu Patrocínio, que conecta amantes patrocinadores a jovens ambiciosos.
Até mês passado, o site aceitava apenas tiozões ricos (“Sugar Daddies”) interessados em bancar garotas bonitonas (“Sugar Babies”). A novidade surgiu na tentativa de derrubar a acusação de que o site seria machista – por que o poder estava apenas nas mãos deles? Realmente tá ultrapassada a ideia de que os homens são os provedores. A própria Adriana enviou emails pedindo uma versão mais igualitária. Afinal, divorciada e independente financeiramente, ela também desejava uma relação com “cartas na mesa desde o início”.
Nos últimos cinco anos, Adriana se envolveu com algumas pessoas e chegou a visitar aqueles tradicionais sites de namoro, mas se decepcionou com a falta de franqueza em relação às expectativas. “Muitas vezes o outro não é claro, omite coisas, têm interesses por trás”, conta. Ela não quer só sexo casual. Muito menos um casamento. Está feliz assim, morando sozinha, com uma vida social intensa ao lado das amigas. Espera encontrar um cara “cheio de vitalidade” e de cabeça aberta para manter um tipo de vínculo sentimental. Nenhum romance idealizado, mas também não um contrato de negócios.
Pergunto se ela não acha que a troca de companhia por dinheiro caracteriza prostituição. Adriana discorda porque procura por uma relação a médio prazo, muito mais que um rosto bonito e um corpinho sarado: “Pode ser que ele nem me peça nada, mas eu queira proporcionar”. Nas últimas duas semanas, essa Sugar Mommy recebeu várias mensagens e está descartando os pretendentes a Sugar Baby de acordo com a compatibilidade de afinidades. Antes de marcar um encontro pessoalmente, quer se certificar que o rapaz tem conteúdo para boas conversas. As amigas estão esperando o desenrolar da empreitada de Adriana para entrarem no site também.
O cadastro no Meu Patrocínio é gratuito, mas deve atender a uma série de pré-requisitos para ser aprovado. Entre eles, a renda mensal da Sugar Mommy ou do Sugar Daddy (vai pensando que qualquer pé-rapado entra no clubinho…). Então podem navegar pelos perfis de jovens com ajuda de filtros: aparência física, idade, localização e estilo de vida. Para interagir com quem agradar, mulheres como Adriana precisam comprar o pacote premium no valor de R$ 199 por mês. Do mesmo jeito que já funcionava com os homens patrocinadores. No amor e no sexo, o combinado não sai caro?
*O sobrenome de Adriana foi omitido para preservar sua identidade.
Créditos: NA PIMENTARIA