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Como a Black Friday espera driblar a crise e levar brasileiros às compras

Black Friday

O ano de 2015 não tem sido fácil para o comércio brasileiro. As tradicionais datas de movimento alto decepcionaram com queda nas vendas pela primeira vez em muitos anos. Mas varejistas nutrem expectativas positivas de uma reviravolta com as festas de final de ano e estão de olho em uma data que vinha mostrando um desempenho cada vez mais forte: a Black Friday, nesta sexta-feira.

Criado dos Estados Unidos, o dia de cortes generosos nos preços foi adotado em outros países, como Reino Unido, Austrália, México, Romênia, Costa Rica, Alemanha, Áustria e Suíça, e introduzido no Brasil há cinco anos. Seu volume de vendas vem crescendo rapidamente desde então.

Mas como será neste momento de recessão e cenário sombrio no comércio? A ideia do dia de “superdescontos” terá força para para convencer o brasileiro a finalmente ir às compras?

O Dia das Mães não registrava uma queda havia 13 anos. Isso se repetiu no Dia dos Pais – algo inédito desde 2005 – e no Dia dos Namorados – o primeiro recuo em seis anos. No ano, o varejo acumula uma retração de 3,3%, segundo o IBGE.

Mesmo assim, profissionais ligados ao evento e ao mercado ouvidos pela BBC Brasil estão cautelosos, mas otimistas e preveem um crescimento de dois dígitos nas vendas geradas pelo evento em 2015.

Evite ciladas na Black Friday

  • Pesquise o histórico de preços de um produto em determinada loja por meio dos sites Busca Descontos, Zoom, Shopping UOL e Buscapé;Tenha em mente que muitos dos produtos do site não estarão em oferta. Aqueles com preços promocionais são anunciados pelas lojas;

 

  • Busque pelo selo “Black Friday Legal”, criado pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. Isso sinaliza que a loja se comprometeu à cumprir um código de ética que proíbe a maquiagem de preços.

 

  • Uma prática comum é a criação de lojas virtuais falsas, em que o consumidor compra o produto e paga por ele por meio de boleto bancário ou depósito em conta, mas nunca o recebe.

 

  • O Procon-SP mantém uma lista com 450 sites a serem evitados por consumidores por terem sido alvo de reclamação e não responderam à notificação, ou seus responsáveis não foram encontrados;
    Se tiver algum problema, documente o processo de compra e a falha – fotografando ou fazendo uma cópia da página do site, por exemplo – para que depois possa receber assistência de entidades de defesa do consumidor.
    “Existe uma demanda de consumo reprimida. Estamos sendo conservadores, mas acreditamos que o público vai estar atento para poder comprar mais com menos dinheiro”, afirma Juliano Motta, diretor geral da BuscaDescontos, organizadora da Black Friday no Brasil.

“Se o varejo conseguir entregar boas ofertas, talvez a gente se surpreenda e tenha uma Black Friday muito boa.”

 

Natal antecipado
Em seu primeiro ano, a Black Friday registrou R$ 3 milhões em vendas no país, segundo a ClearSale, empresa especializada em fraudes que monitora o faturamento do evento em parceria com seus organizadores. Em 2014, já eram R$ 871,9 milhões.

Neste ano, a expectativa da ClearSale é de que o valor cresça 12%, para R$ 978 milhões. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) prevê um aumento ainda maior, de 18%. Tendo como base um universo maior de vendedores, a associação espera R$ 1,31 bilhão em vendas para este ano.

Este otimismo se deve a alguns motivos. Um deles é a expectativa de varejistas de que os consumidores decidam aproveitar as promoções para adiantar a compra dos presentes de Natal. “Isso já aconteceu no ano passado e esperamos que se repita em 2015”, afirma Omar Jarouche, gerente de inteligência estatística da ClearSale.

O varejo também vem realizando sondagens de intenção de compra na data – e seus resultados têm sido animadores.

Um levantamento com 1 mil usuários de internet realizado pelo Google em outubro indicou que 82% daqueles que compraram durante a Black Friday do ano passado pretendem participar novamente neste ano – e um em cada três dos que ficaram de fora pretendem comprar desta vez.

Uma segunda pesquisa da empresa, feita em parceria com o Ibope, estima ainda que, em média,o brasileiro pretende gastar R$ 1 mil nesta data, quase o dobro dos R$ 522 registrados na última edição. “Ficamos surpresos com um valor tão alto”, diz Cláudia Sciama, diretora de negócios para varejo do Google Brasil.

“Mesmo numa crise, as pessoas não param completamente de comprar, porque têm necessidades. Mas elas estavam com medo por conta da situação econômica e se seguraram. Agora, querem aproveitar, porque passaram o ano economizando à espera de uma boa oportunidade.”

Sciama afirma que um indício deste interesse está no aumento notado pela companhia no volume de buscas online por termos relacionados à Black Friday.

Outro pode estar no faturamento registrado pelo comércio eletrônico brasileiro no início do segundo semestre, afirma André Ricardo Dias, diretor executivo da consultoria E-bit, que monitora este mercado. “No último trimestre, notamos que o consumidor reduziu seu ritmo de compras, o que indica que muita gente pode estar esperando esta data.”

Fonte: BBC Brasil