Quando Gabriela Pugliesi, no começo da pandemia, organizou uma festa em sua casa e publicou nas redes sociais, o choque foi tremendo. A musa fitness recebeu tantas críticas que teve de deixar as redes sociais. Passados mais de 7,2 milhões de casos e 186 mil mortes por causa do coronavírus no Brasil, Carlinhos Maia resolveu levar uma série de amigos famosos, vindos de diversos estados, a Alagoas para uma festa. O influenciador pode não ter falado nos muitos vídeos em que aparece “foda-se a vida”, como fez Pugliesi uma vez, mas promover uma balada em plena segunda onda da covid-19, com números cada vez mais altos, prova-se um grande equivalente de tal frase.
Quando questionado nas redes sociais sobre a necessidade de fazer uma grande festa agora, Carlinhos se defendeu afirmando que seguirá protocolos de segurança: “Tudo dentro da lei! Com autorização da Secretaria da Saúde, o número permitido de pessoas, bombeiro, policial… Testes e desintoxicador. Muita gente é beneficiada, graças a Deus, trabalhando. Hotéis lotados fazendo assim nosso estado ficar ainda mais conhecido. Sei da gravidade do Covid, mas o povo tá sem trabalho, galera sem emprego, o turismo é o que sustenta o nosso estado na grande maioria”.
Nos vídeos, é raro ver alguém de máscara ou respeitando distanciamento. Há idosos e crianças. Que tipo de estímulo o turismo de Alagoas recebe em uma festa fechada, feita para celebrar o universo criado por um influenciador? Não há paisagem, ponto turístico ou divulgação das belezas do estado. Há, sim, muitas selfies e vários stories mostrando o look do dia.
Há alguns dias, Carlinhos celebrou que seus vídeos no Instagram eram vistos por cerca de cinco milhões de pessoas. São cinco milhões de pessoas acreditando que está tudo tão tranquilo no país que já se pode aglomerar em festas. São cinco milhões de pessoas acreditando nos tais protocolos de segurança sem máscara, sem distanciamento, sem proteção a grupos de risco.
Que tipo de influência querem ter tais famosos em um tempo de crise? Com o país passando por um momento tão difícil, Carlinhos poderia estimular que as pessoas que o admiram ficassem em segurança ou prezar pela saúde de todos. Preferiu, no entanto, fazer uma festa autocelebratória – vamos combinar, o evento não é sobre a vila que o fez famoso. Os funcionários, maquiados, igualmente sem máscara. Em suas declarações, ele afirma que sabe “da gravidade da covid”, mas fala no turismo. Para fazer turismo é preciso estar vivo.
Para quem perdeu parentes ou passou por momento difíceis por causa do coronavírus, festas como essa são um escárnio e um grande atestado de vaidade. Esse tipo de influência normaliza situações de risco e prova que Carlinhos Maia, depois de tantas críticas, parece pensar que está acima do bem e do mal e não deve satisfações a ninguém. Quem, afinal, quer criticar ou perder a chance de aparecer no story de alguém com tantos seguidores?
É preciso que os influenciadores como ele façam o básico: deem exemplo e se preocupem com o bem estar de quem os acompanha. Não tem sido o caso. Depois, não adianta cumprir o ciclo e fazer vídeo chorando arrependido.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba