Charlize Theron diz que “não se envergonha” de falar sobre o momento em que a mãe matou o pai para se defender. A atriz tinha 15 anos quando o pai alcoólatra atirou contra a porta do quarto onde ela estava escondida com a mãe.
“Nenhuma das balas nos atingiu, o que é um milagre. Mas em legítima defesa, ela acabou com a ameaça”, disse a atriz ao site de notícias NPR. “Quanto mais falamos sobre essas coisas, mais percebemos que não estamos sozinhos.”
Charlize cresceu numa fazenda em Johanesburgo, na África do Sul, com a mãe, Gerda, e o pai, Charles. Ela descreve o pai como um “homem muito doente” e diz que viver com um alcoólatra era “uma situação bastante desesperadora”.
“A imprevisibilidade de viver com um dependente químico é algo que te marca para o resto da vida, mais do que aquele evento específico, que aconteceu numa noite”, diz.
Ao falar sobre o que aconteceu, a atriz diz que o pai estava tão bêbado que “não deveria ter sido capaz de caminhar quando entrou em casa com uma arma.”
“Minha mãe e eu estávamos no quarto, encostadas atrás da porta, e ele tentou forçar a entrada. Então, fizemos pressão, atrás da porta, para impedir que ele entrasse.”
Segundo Charlize, o pai, então, deu um passo atrás e “simplesmente atirou contra a porta três vezes”. Por sorte, balas não atingiram mãe e filha. Foi então, diz a atriz, que a mãe “encerrou a ameaça, em legítima defesa”.
Gerda não foi condenada, já que a Justiça entendeu que ela agiu em defesa própria e da filha.
Charlize afirma que a violência que vivenciou na família é algo que compartilha com muitas pessoas. “Eu não tenho vergonha de falar sobre isso, porque acho que quanto mais falamos sobre essas coisas, mais percebemos que não somos os únicos”, diz.
“Eu acho que, para mim, o principal da história é o efeito de crescer com um viciado e o que isso faz com uma pessoa.”
A ganhadora do Oscar em 2004 (pelo filme Monstro) também falou sobre a vez em que um diretor de cinema a tocou inapropriadamente, após convidá-la para um teste na casa dele. Charlize diz que ela pediu desculpas ao homem antes de deixar a residência— algo que a fez sentir “raiva” de si mesmo.
“Eu me culpei muito por não ter dito as coisas certas, por não ter feito todas aquelas coisas que a gente gostaria de acreditar que faria em situações assim.” O tema assédio sexual é abordado no último filme de Charlize, O Escândalo, no qual ela desempenha uma apresentadora de TV da vida real chamada Megyn Kelly.
O filme, também estrelado por Nicole Kidman e Margot Robbie, conta a história de uma mulher que trabalhava para a rede de TV americana Fox News e que acusou o então CEO da emissora, Roger Ailes, de assédio sexual.
Charlize diz que o filme explora “a área cinzenta do assédio sexual”, algo que ela vivenciou na vida real. “Nem sempre se trata de abuso físico. Nem sempre é estupro”, destaca.
“Há um dano psicológico às mulheres, que são submetidas ao uso diário e casual de linguagem, toques ou ameaças de demissão. Essas são coisas que eu definitivamente vivenciei.”
Fonte: MSN
Créditos: MSN