O anúncio oficial de renúncia do Arcebispo Dom Algo Di Lascio Pagotto pegou a Paraiba de surpresa nesta quarta-feira, mas não a setores internos da Igreja Católica. Trata-se do fim de um Ciclo carimbado pela conduta evangelizadora à base de um perfil conservador, reformista e de enfrentamentos internos também por conflitos de modo de gestão.
Dom Aldo Pagotto conclui sua missão pastoral na mais importante Igreja do Ocidente de vínculos diretos com a Paraiba, depois de outro longo tempo no Ceará, tomado por um estilo rigido, mas sabedor da catequese enquanto domínio das teses e estudos voltados ao Cristianismo.
Seu conservadorismo somado ao seu “modus operandi” de fibra destemida o fez revelar – se com perfil próximo do estilo ideológico à Direita, sem nunca esconder sua escolha político – social neste viés conservador.
Por esse prisma, bateu de frente com setores da própria Igreja Católica mais aproximada do que se denomina segmentos progressistas mais assimiláveis à convivência e prática da Teologia da Libertação, o avesso do avesso proposto por Dom Aldo.
Não foi à toa que Dom Aldo enfrentou críticas, por exemplo, quando de sua participação pessoal em ato público no Busto de Tamandaré puxado por setores da sociedade chamados de Coxinhas, portanto, contra a presidenta Dilma Rousseff.
Ele sempre foi assim, com suas posições assumidas às claras.
DORES E CONCEITOS AFETADOS
Na Paraíba, Dom Aldo criou fortes reações internas ao mexer fortemente com a estrutura burocrática e de Gestão das diversas paróquias promovendo redistribuição da base pastoral como há tempo não havia.
Lembro-me de um caso emblemático, o do afastamento do comando pastoral do Padre João Andreola, da Igreja do Altiplano Cabo Branco, em João Pessoa, logo ele que fora o fundador e condutor de milhares de pessoas às suas missas, entre as quais a de Cura.
Dom Aldo simplesmente o substitui no comando.
Este fato pode servir de referência paras as mudanças geradoras de reação forte na Igreja.
A crítica e as medidas punitivas contra a atuação de Padres na política partidária foi outro elemento de forte reação interna.
Neste caso fazia sentido a reação porque Dom Aldo censurava, mas na prática fazia o mesmo, ou seja, tinha partido e/ou opção como fizera na campanha de Ricardo Coutinho ao Governo. Esta realidade implodia a sua argumentação para as atitudes contra Luiz Couto, Frei Anastacio, Frei Adelino, etc.
A DENÚNCIA QUE O ABALOU
Nada, contudo, afetou mais a Saúde física e mental de Dom Aldo do que a exposição permanente no Jornal da Paraiba de acusações de pedofilia em seu mandato.
Aliás, ele cita o jornal bem como o Blog de Dercio, mesmo sem nomina- los diretamente na Carta renúncia.
Este conjunto de carga o fez ampliar a doença, já que convive com câncer, fragilizando – o na alma e no mister sacerdotal ao ver sua Igreja dividida.
Esta é a síntese de um processo clérigo – sacerdotal que se consolida para sempre na atitude do Papa Bento XVI da renúncia como forma de superação.
Lá se vai um Homem Santo repleto de pecados e de muitas virtudes. Particularmente, sempre gostei das conversas e das reflexões sobre a vida sobretudo quando voltadas em favor dos mais humildes.
Créditos: WSCOM