Jaqueline Jéssica Silva de Oliveira é mãe dos gêmeos de 5 meses de idade Laura (à esq.) e Lucas. Um deles tem microcefalia e o outro, não. A moradora de Santos, no litoral paulista, está sendo acompanhada por pesquisadores da USP que querem desvendar algumas das questões que pairam sobre o vírus da zika.
“A importância desses gêmeos é que eles poderão nos ajudar a ter importantes respostas”, afirmou à Reuters Mayana Zatz, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. “Como podemos explicar que um dos gêmeos não foi afetado. Existe um gene que o protegeu?”
“Quando eu descobri que um deles tinha microcefalia, o chão se abriu sob os meus pés”, disse Jaqueline Jéssica Silva de Oliveira, de 25 anos. “Você sempre espera que eles vão nascer bem. Pensei que era um erro do médico que fez o ultrassom.”
Os gêmeos nasceram em novembro do ano passado. Lucas (à dir.) nasceu saudável, já Laura tem a cabeça visivelmente menor. Laura é acompanhada por uma equipe de neurologistas e fisioterapeutas de São Paulo.
Jaqueline Jéssica Silva de Oliveira já tinha dois filhos. Os sintomas do vírus da zika começaram a aparecer no começo da gravidez. Ela afirma que desde o diagnóstico sabia que seria difícil manter, além dos outros filhos, uma criança que precisa de maiores cuidados. O marido dela ganha por volta de R$ 2.000 por mês para sustentar a casa.
“Eu agradeço a Deus por ter me dado ela. Nunca a abandonaria”, diz Jaqueline Jéssica Silva de Oliveira, mãe de gêmeos. Ela diz que nunca se perguntou por que apenas uma das crianças nasceu com microcefalia. “Os doutores querem estudá-los para saber o que protegeu Lucas do vírus e, assim, ajudar outras crianças”
Com microcefalia, Laura, um dos filhos gêmeos de 5 meses de Jaqueline Jéssica Silva de Oliveira, passa por exame na USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista. Os bebês foram identificados como um caso raro em que um deles nasceu com microcefalia e o outro, não.
Lucas e Laura são um dos cinco casos de gêmeos com microcefalia que os cientistas de São Paulo estão estudando. Os pesquisadores acreditam que os bebês possam ajudar a achar pistas sobre a natureza do vírus da zika e esperam ter resultados da investigação no prazo de um ano.
Estudos recentes têm mostrado evidências do vírus da zika no líquido amniótico, na placenta e no tecido cerebral fetal. Mayana Zatz, da USP, acredita que a placenta de um dos gêmeos pode ser permeável ao vírus, enquanto a do outro, não. Outra hipótese é que o vírus penetra ambas as placentas, mas que os neurônios de um bebê são mais resistentes. “Uma terceira possibilidade é que certos genes podem predispor a criança à microcefalia e podem ser alterados pela presença do vírus da zika”, diz Zatz.
O Brasil já tem mais de mil casos confirmados de microcefalia associada ao vírus da zika, de acordo com o Ministério da Saúde. O surto está afetando grande parte da América Latina e do Caribe, sendo o Brasil o país mais atingido até agora.
Fonte: UOL
Créditos: UOL