Uma pesquisa brasileira que acaba de ser publicada pelo jornal científico inglês Journal of the Endocrine Society comprovou que, mesmo em pleno verão, uma parcela significativa dos brasileiros apresenta insuficiência ou deficiência de vitamina D. Os índices foram de 50,7% e 15,3%, respectivamente, no grupo de 1.029 participantes.
O estudo, chamado Epidemiology of Vitamin D (EpiVida) – A Study of Vitamin D Status Among Healthy Adults in Brazil, foi produzido por pesquisadores das Universidades Federais do Paraná e de São Paulo, Fundação Oswaldo Cruz e Obras Sociais Irmã Dulce. A amostra foi composta por adultos saudáveis, entre 18 e 45 anos, de São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Salvador (BA).
O objetivo foi estimar a prevalência da vitamina D em associação a estilo de vida, demografia socioeconômica e hábitos culturais nestas três regiões metropolitanas. Para isso, foram avaliadas amostras de sangue e considerados dados de um questionário respondido pelos participantes.
A constatação de deficiência ou insuficiência de vitamina D em pleno verão – período de maior exposição solar e que favoreceria a síntese deste micronutriente pelo organismo – é explicada por diversos fatores.
“Variáveis como genética, demografia e estilo de vida influenciam a produção de vitamina D. Os hábitos recém-adquiridos durante a pandemia da COVID-19, que levou maioria da rotina da população para dentro de casa, por exemplo, também podem contribuir para este quadro”, esclarece Marise Lazaretti Castro, endocrinologista, livre-docente, professora-adjunta de endocrinologia e chefe do setor de osteometabolismo da Escola Paulista de Medicina (Unifesp).
Em São Paulo, 20% dos participantes apresentaram deficiência de vitamina D e em mais da metade (52%) foi constatada insuficiência desta vitamina. Em Curitiba, os índices são parecidos: 12% e 52% respectivamente. Já em Salvador, os índices de deficiência e insuficiência de vitamina D foram, respectivamente, de 12% e 47% do total de participantes locais do estudo. Já no inverno, a situação pode agravar em mais 10%, apontam os pesquisadores.
O estudo considerou como deficiência de vitamina D os níveis abaixo de 20ng/ml. Já a insuficiência do micronutriente foi considerada para níveis abaixo 30ng/ml.
Estilo de vida e suplementação com orientação
Além da falta de atividades ao ar livre, a pesquisa constatou que a deficiência de vitamina D teve grandes correlações com a obesidade e o sobrepeso da população brasileira.
Por outro lado, os pesquisadores afirmam que a exposição solar, atividades físicas e o uso de suplementos podem ajudar significativamente na reposição do hormônio. “A suplementação orientada por um profissional, por exemplo, diminui 60% de chances de os pacientes terem deficiência de vitamina D, de acordo com o estudo”, ressalta o especialista.
Outro resultado da pesquisa se refere à questão étnico-racial. Embora Salvador tenha maior percentual de negros que Curitiba, a média dos níveis de vitamina D dos participantes não foram diferentes entre si, segundo o estudo.
“Esses achados sugerem que a maior abundância de radiação solar existente em Salvador, devido a sua maior proximidade com o Equador, pode ultrapassar a barreira da melanina na pele para produzir vitamina D. Então, a pele negra seria um fator de risco para deficiência de vitamina D apenas em regiões com radiação solar limitada”, afirmam os pesquisadores.
Fonte: Correio Braziliense
Créditos: Polêmica Paraíba