O Brasil fechou 1.542.371 vagas de trabalho com carteira assinada em 2015, pior resultado para um ano desde o início da série, em 1992.
O desempenho no ano passado também mostrou uma forte desaceleração em comparação com 2014, quando foram geradas 421 mil vagas. No ano, o total de empregos com carteira assinada caiu 3,74% em relação a 2014.
Os dados fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social nesta quinta-feira (21).
Em 2015, quase todos os meses tiveram corte de vagas. Apenas em março o número foi positivo. Em dezembro, foram 596.208 vagas a menos.
O número de empregos cortados é o saldo, ou seja, o total de demissões menos o de contratações no período. No ano passado, foram 17,7 milhões de contratações e 19,2 milhões de demissões, resultando no corte de 1,5 milhão de vagas.
Total de trabalhadores com carteira caiu
O total de trabalhadores com carteira assinada no Brasil caiu para 39,663 milhões no final do ano passado, pior resultado desde 2012, quando foi de 39,646 milhões. Em 2014, o país tinha fechado o ano com 41,2 milhões de empregos.
Ministro: ano foi difícil
“Nós tivemos um ano difícil em 2015”, disse Rossetto. “Não é correto afirmar que 2015 destruiu as conquistas, mesmo que os números de 2015 sejam negativos.”
O ministro não deu um prazo para a recuperação do mercado de trabalho. “Nós trabalhamos para que possamos rapidamente modificar essa curva e retomarmos o dinamismo, mas não há como trabalhar com datas.”
Só agropecuária criou vagas
Por setores, a agropecuária foi o único que teve saldo positivo de vagas de trabalho (9,8 mil). Os outros sete setores tiveram queda:
Indústria de transformação: -608.878
Construção civil: -416.959
Serviços: -276.054
Comércio: -218.650
Extrativa mineral: -14.039
Administração pública: -9.238
Serviços industriais de utilidade pública: -8.374
SP tem pior resultado
Todos os Estados e o Distrito Federal fecharam o ano com perda de vagas, São Paulo (-1,5 milhões), Minas Gerais (-466,7 mil) e Rio de Janeiro (-183,7 mil) foram os que mais cortaram
Com isso, o saldo também foi negativo em todas as regiões:
Sudeste: -891.429
Nordeste: -254.402
Sul: -229.320
Norte: -100.212
Centro-Oeste: -67.008
Governo não tinha meta definida
Em 2014, o Brasil registrou a criação de 420.826 vagas de trabalho com carteira assinada. Esse dado considera o valor com ajuste, ou seja, com os dados entregues pelas empresas fora do prazo.
No começo de 2015, a expectativa do governo era que o país continuasse a abrir vagas de trabalho com carteira assinada. Sem traçar uma meta, o então ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou na época: “Em 2015, como os prognósticos da economia são mais positivos que em 2014, acreditamos que vamos continuar gerando empregos.”
Desemprego cresceu até novembro
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza duas pesquisas de desemprego, mas ainda não divulgou os números para todo o ano de 2015.
Na última Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada, com dados de novembro, o desemprego chegou a 7,5%, abaixo do registrado em outubro (7,9%), mas ainda assim o pior para o mês desde 2008. A PME é baseada nos dados das regiões metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Já a última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua mensal registrou desemprego de 9% no trimestre de agosto a outubro do ano passado, o maior desde 2012, quando o IBGE começou a fazer a pesquisa.
Ela também indicou que o número de desempregados no Brasil passou de 6,6 milhões, no trimestre de agosto a outubro de 2014, a 9,1 milhões, no mesmo período de 2015. O aumento foi de 38,3% em um ano, ou 2,5 milhões de pessoas a mais procurando trabalho. A Pnad Contínua usa dados de 211.344 domicílios distribuídos em cerca de 3.500 municípios.
Fonte: UOL com Folha