O governo convocou uma entrevista coletiva para explicar as propostas de aumento de impostos que mandou para o Congresso junto com o orçamento do ano que vem. Impostos sobre algumas bebidas alcoólicas, celulares, smartphones e notebook vão mudar.
No caso dos smatphones e notebooks, por exemplo, o setor estava isento por causa da lei de inclusão digital e agora vai voltar a cobrança do PIS e COFINS. Com isso, o governo espera arrecadar R$ 6,7 bilhões. Já no caso das bebidas alcoólicas, como vinhos, espumantes, uísque e cachaça, a cobrança a partir de agora será de acordo com o preço. A alíquota vai levar em conta o preço. Antes, uma bebida mais cara pagava o mesmo imposto de uma mais barata. A arrecadação deve ser de mais de R$ 1 bilhão.
A partir de agora, começa também a cobrança de 0,38% de IOF sobre as operações de crédito do BNDS. Com essa e outras medidas, o governo espera arrecadar R$ 11,2 bilhões.
O relator do orçamento na Câmara, o deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná, já começou a analisar a proposta entregue. Ele disse que existem despesas que não foram incluídas pelo governo e que o rombo no orçamento pode ser ainda maior se não forem encontradas fontes para pagar essas despesas. Entre elas, estão R$ 1,9 bilhão com a Lei Kandir e R$ 1,5 em emendas impositivas dos parlamentares.
Conta de luz, água, telefone, tudo tem imposto. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, este ano, cinco meses de trabalho da população serão somente para pagar os impostos. Nessa conta entram imposto de renda, INSS e os impostos sobre consumo, como ICMS, IPI, PISCOFINS, além de IPTU e IPVA.
Dados do Instituto mostram que em 2004, 37,8% do rendimento bruto do trabalhador brasileiro iam para os impostos. Em 2014, subiu para 41,3%. Mostram ainda que o Brasil está entre os 30 países com as maiores cargas tributárias. E quando se pensa em retorno para a população em saúde, educação e saneamento, é o pior entre eles, fica em 30º lugar.
O economista Raul Velloso explica que sobre tudo o que o país produz, o Produto Interno Bruto, 35% vão para o governo em impostos: “A solução é reduzir gasto. Não se deve buscar o caminho supostamente mais fácil de aumentar impostos que, inclusive, vão incidir mais sobre os mais pobres. São impostos injustos esses sobre o consumo. Deveríamos evitar, tínhamos que cortar gastos. O peso da carga já é muito alto”.