Bruna Linzmeyer é uma voz reconhecida pelo Brasil não só pelos seus trabalhos no cinema e na tevê, mas como também pelas discussões que suscita, de maneira direta ou indireta, pelos direitos da mulher e pela comunidade LGBT.
A atriz que discute abertamente não só sua orientação sexual, como temas espinhosos como o assédio, garante, no entanto, que não contesta padrões e ideias simplesmente pelo gosto pela divergência.
“Sempre fui considerada uma pessoa que fura o espaço comum, quebra as regras desde criança. Ter pelos e não querer ser mãe não é para provocar. É realmente quem sou. Me surpreende, incomoda, que isso seja uma questão para os outros, uma provocação”, explicou à revista digital a Criatura de julho.
“A mulher não precisa ser mãe para ser mulher. E uma mulher adulta tem pelos. Então, toda a questão dos pelos me parece pedofilia, porque quem não tem pelos são crianças, são meninas. Por que a gente tem essa ideia de que é sexy mulher sem pelos? Fomos retiradas dos nossos corpos desde sempre”, acredita.
Namorando Priscila Visman há pouco mais de dois anos, Bruna acha importante usar o termo ‘lésbica’ para se definir em público, ainda que ele não compreenda a totalidade de sua sexualidade.
“Eu me digo uma mulher lésbica como um ato político, uma maneira de falar sobre isso. Porque sei que a palavra lésbica ainda dá um negócio no pescoço das pessoas lá no fundo da plateia. Mas não sou só lésbica. Sou panromântica e pansexual. Me interesso por todas as pessoas. Não só sexualmente, como me apaixono por todas as pessoas”.
Para a atriz, esta afirmação abre espaço para que outras mulheres jovens possam enxergar a multiplicidade de desejos.
“Se eu tivesse tido referências e representatividade lésbica na minha infância e adolescência, teria sido lésbica muito antes. Perdi milhões de coisas na minha adolescência porque isso não era uma possibilidade. A heterossexualidade é compulsória, obrigatória. Você nasce heterossexual. É uma imposição social”.
No entanto, apesar de não se arrepender de assumir publicamente sua orientação sexual, Bruna revela que sua família e seus amigos temeram que ela perdesse trabalhos por causa da homofobia — o que, de fato, aconteceu.
“Quando me apaixonei de repente, falei: ‘Uau, essa pessoa é uma mulher’. Sempre beijei a Kitty [a cineasta Kitty Féo], que foi minha primeira namorada, em público, na praia, nos eventos em que a gente estava, entre nossos amigos, não-amigos, agia naturalmente. A partir disso começaram alguns questionamentos das pessoas que me amam”.
“Não era uma coisa de: ‘Fique dentro do armário, não saia’. E sim de: ‘Como será que tá o mundo aí fora? Como isso vai bater na sua vida profissional?’. Minha família não tem dinheiro para me sustentar. Desde meus 15 anos pago minhas contas. Esse foi um cuidado das pessoas que me amavam perante um mundo opressor que a gente vive”, concluiu.
Fonte: Uol
Créditos: Uol