Há 13 mil anos, na Itália, alguém já enfrentava a broca – de pedra
São só dois dentes, um canino e um incisivo, achados no sítio Riparo Fredian, perto da cidade de Lucca, Itália. Não se sabe o sexo nem a idade de seu dono – ainda que, pela forma como estavam gastos, presume-se que não fosse jovem. Mas o que se sabe é: estiveram na boca de alguém há 13 mil anos, tiveram cáries removidas com uma ferramenta de pedra e no lugar foi colocado uma mistura de fibras vegetais com betume. Este último também conhecido como asfalto, o mesmo ingrediente do pavimento da rua, mas que por milênios foi usado como remédio. Suas propriedades antibacterianas serviam para preservar as múmias do antigo Egito*. As plantas provavelmente também eram medicinais.
O betume e as plantas, se vê acima, não sobreviveram ao tempo. Foram descobertos por uma análise química mais profunda. Os buracos são grandes, circulares, e profundos – bem-feitos, ainda mais levando em conta as ferramentas disponíveis do dentista. O preenchimento evitava que alimentos caíssem no buraco e causassem mais infecção. Já a dor do procedimento… fica para cada um imaginar.
Algum defensor da dieta paleo talvez esteja estranhado cáries no Paleolítico. Não teriam sido elas criadas pela agricultura? Segundo Stephano Benazzi, da Universidade de Bolonha e arqueólogo condutor do estudo, o culpado provavelmente foram novos alimentos trazidos por migrantes do Oriente Médio, região onde, eventualmente, nasceria a agricultura. “Essa mudança de dieta – e as cáries – podem ter levado ao surgimento do tratamento dentário”, afirma.
Aliás, os dentes são a primeira evidência de obturação, mas não tratamento. Em 2015, o próprio Benazzi encontrou dentes que pareciam raspados para tirar cáries, datados de mil anos antes.
Fonte: REVISTA AVENTURAS DA HISTÓRIA