Após ameaça a funcionários, USP muda local de entrega da pílula do câncer

size_810_16_9_remedios

A USP de São Carlos (232 km de São Paulo) resolveu mudar o local de recebimento das demandas judiciais relacionadas à fosfoetanolamina sintética, substância que ficou conhecida por ser capaz de curar o câncer, embora esse efeito nunca tenha sido comprovado em testes clínicos.

A mudança aconteceu uma semana depois da procuradora do campus ter sido ameaçada por familiares e advogados de pacientes com câncer. Ela foi internada com suspeita de infarto. O recebimento das demandas judiciais será feito a partir desta segunda-feira (21) na Área 2 do campus, no edifício da Biblioteca.

A procuradora Alessandra Pinto Magalhães foi internada às pressas em 14 de dezembro depois de ter sido “ofendida, humilhada e confrontada com agressividade em ações perpetradas por advogados e familiares de pacientes que queriam obter a substância fosfoetanolamina”, informou a USP em nota. O UOL não conseguiu contato com a procuradora.

Segundo a USP, a procuradora ficou internada por um dia, com suspeita inicial de ter sido vítima de um AVC ou infarto, prognóstico que foi descartado após a realização de uma bateria de exames. Após ter alta no dia seguinte, Alessandra regressou ao trabalho no dia 17, por orientação médica. Mas, segundo a USP de São Carlos, a procuradora voltou a ser afastada do trabalho por ter piorado seu estado de saúde.

Segundo a universidade, “tal truculência se estendeu a diversos servidores do campus que também prestam serviço na Procuradoria e que foram igualmente vítimas de ofensas e humilhações”.

A mudança de local pretende evitar que novos episódios como o da procuradora aconteçam no campus.

“A USP compreende a ansiedade das pessoas que buscam por soluções relacionadas com seu bem-estar e saúde. Contudo, a Universidade sempre se norteará pelas decisões judiciais cabíveis, rejeitando, em simultâneo, toda e qualquer forma de violência que atente a integridade física de seus servidores”, escreveu a universidade em nota.

Entenda
A substância criada pelo químico Gilberto Chierice, do Instituto de Química da USP de São Carlos, foi distribuída por anos no campus da universidade até sua distribuição ser barrada pela própria USP neste ano. A proibição abriu precedente para uma série de ações judiciais para ter acesso à pílula que depois foram barradas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e posteriormente liberadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Com isso, a USP voltou a ter que produzir as cápsulas. No entanto, o TJ-SP voltou a suspender a distribuição das pílulas.

Depois de forte apelo popular para a liberação da fosfoetanolamina sintética, o governo repassou R$ 10 milhões para testes da substância que serão realizados com a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

UOL