O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é celebrado em 29 de agosto no Brasil. Angela Ro Ro sempre foi porta-voz na luta contra a lesbofobia e pagou um preço alto por isso. Se assumir lésbica lhe custou marcas físicas inesquecíveis. A cantora de MPB foi espancada cinco vezes pela polícia, sofreu inúmeros preconceitos, mas não se calou.
Em entrevista ao gshow, ela fala do apoio incondicional dos pais durante toda a sua vida e se anima com o que mais gosta de fazer, cantar. Amante de festivais, ela celebra a participação no Coala Festival, no dia 17 de setembro, em São Paulo. Ao lado de Letrux, ela promete levar muita emoção ao palco, sua marca registrada, e admite, aos 73 anos, querer paz.
“Nossa luta tem que ser armada pela paz. Seria, sou e serei a mesma pessoa. Sempre.”
Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
“Não é dia para comemorar, mas sim ficar atento para os direitos humanos, para o respeito, para que as pessoas possam ter suas vidas em paz, sem serem molestadas ou agredidas, seja por qual razão for. A vida tem que ser respeitada. Se eu represento algo que conduza aos direitos humanos, ao respeito à vida, me sinto muito honrada.”
“Desde o começo da minha carreira artística, sabia que as minhas músicas iam agradar pelo menos uma parte de plateia, mas também sabia que corria o risco de ser apedrejada e crucificada. Sim, fui apedrejada, se bobear continuo sendo. Infelizmente, ainda existem as pessoas de mente estreita e de preconceitos contra tudo.”
Parceria com Letrux
“Muita alegria e muita satisfação de pertencer a esse evento múltiplo de diversos talentos. É uma doação ao público. Algo em comum que nos une, acho que é a contundente exposição da emoção, da gente como pessoa e como artista. Gosto muito dela. Somos duas artistas que nos doamos muito em cena e vai ser um barato essa união toda.”
“Vamos reunir os pontos altos das nossas carreiras, as coisas mais populares e as mais sensíveis aos ouvidos. Mesmo que o público não seja composto 100% por meus fãs, garanto que eles vão gostar.”
Emoção de festival
“Tenho feito alguns festivais ultimamente e tem sido encantador, porque não esperava tamanha quantidade e qualidade de público. Me emociona ver pessoas de diversos tipos, status financeiro e idade cantando as minhas músicas. Em Pipa, por exemplo, tinha até criança pequena prestando atenção e, às vezes, cantando algumas coisas.”
“É muito bacana ver como a música quando cai no agrado do público vai passando de geração em geração. Isso é muito gratificante.”
Apoio dos pais
“Se pudesse voltar no tempo faria a mesma coisa e seria a mesma pessoa, com a mesma atitude espontânea. Porque meu pai e minha mãe me criaram para ter orgulho de quem eu sou. Meus pais nunca me censuraram, sempre me admiraram e me respeitaram.”
“O olhar de homofóbicos ou pessoas interessadas em promover escândalos, oportunistas e fofocas me atingiram fisicamente e prejudicaram durante pouco tempo a minha carreira, mas não atingiram a minha dignidade, não me atingiram na alma ou na minha psique, porque eu tenho como alicerce o amor dos meus pais e o respeito deles, que seguem me cobrindo com um manto de proteção. Seria, sou e serei a mesma pessoa. Sempre.”
Contra a lesbofobia
“As pessoas que são ruins, permanecem ruins. Os fascistas, racistas, homofóbicas, cruéis, covardes vão continuar sendo do mal. Um exemplo é que na era da Internet, os covardes se sentem mais à vontade para ofender o outro porque tem a garantia do anonimato. Queria ver se no cara a cara teriam essa coragem, sabe? Nossa luta tem que ser armada pela paz. A paz é o instrumento e a salvação. A paz, o amor e a compreensão.”
Mensagem de paz
“Só posso desejar que as pessoas se respeitem, se conheçam, tenham muita fé e muita coragem para lutar pacificamente contra a covardia, crimes, sejam eles quais forem. A minha mensagem é de amor. É que todos sejam felizes do jeito que são, respeitando a vida alheia e sendo respeitados. Acredito na coragem pacífica e no amor à vida. Desejo o melhor para todos.”
“Para os medíocres, para os covardes e para os malignos desejo uma superdose de conhecimento, de compreensão, e que os maus tenham seus momentos de introspecção e que consigam melhorar, fazendo assim a raça humana digna de ser chamada humana. Com um convívio entre nós com dignidade, respeito e paz.”
Fonte: Com Gshow
Créditos: Polêmica Paraíba