ANA defende ampliar racionamento nas cidades abastecidas pelo Boqueirão

Agência admitiu que houve atraso na adoção de medidas para o enfrentar a crise hídrica nos 19 municípios abastecidos pelo açude

imageAlvo de críticas na última reunião da Comissão Especial de Acompanhamento Sobre a Gestão das Águas do Ministério Público (Ceasga), da qual não participou, a Agência Nacional de Águas (ANA) admitiu nesta quarta-feira (20) em Campina Grande, que houve atraso na adoção de medidas para o enfrentamento da crise hídrica vivida pelos 19 municípios abastecidos pelo açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), que atualmente dispõe de apenas 19,1% de sua capacidade. Responsável pelo gerenciamento do reservatório, a agência apresentou nesta quarta, durante reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba, um conjunto de sugestões que devem ser adotadas pelo poder público para economizar água e evitar o colapso do açude.

Na apresentação, o superintendente de regulação da ANA, Rodrigo Flecha, exibiu uma simulação, informando que a Cagepa mantendo a atual retirada de água autorizada pela agência, de cerca de 1.050 litros por segundo, o chamado ‘volume morto’ do açude seria atingido em meados de novembro. Caso ocorra uma redução dessa retirada, para 750 ou 780 litros por segundo, que ainda está sendo discutida, esse prazo se estenderia até janeiro de 2016.

“Houve uma demora por da ANA, da Cagepa, da Aesa (Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba) e está havendo uma demora por parte da prefeitura. Então, houve uma demora por parte de todos. Em toda crise a gente não tem que buscar o bode expiatório, temos que buscar alternativas que devem ser implementadas para enfrentarmos crises distintas, porque esse regime de seca no Brasil é bastante atípico, não só no Nordeste”, admitiu o superintendente.

Para evitar o aprofundamento da crise, Rodrigo Flecha afirmou que o potencial maior de redução do consumo está nas cidades. Ele disse ser a favor da ampliação do racionamento e defendeu que a Cagepa e a prefeitura adotem medidas para conter o desperdício de água. “Nas cidades têm um conjunto de ações a serem feitas, desde ações que a Cagepa já está fazendo de combate a perdas, redução do desperdício de água e campanhas de educação, mas a prefeitura também precisa entrar no jogo, proibindo determinados tipos de uso como encher piscina, lava-jato e a gente discutir a possibilidade de se reduzir mais ainda a captação de água da Cagepa”, pontuou.

Jornal da Paraíba