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ALVO DE PIADA NO BBB21: Estilista que veste Fiuk e história da moda defendem vestido para homens

Jay conta que o público heterossexual faz parte da sua clientela. Orientação sexual, nesse caso, não é um fator determinante, muito menos importante

Rodolffo foi indicado ao paredão ontem no Big Brother Brasil 21 pelo líder da semana, Gil, depois de ter feito um comentário sobre o vestido usado por Fiuk para a festa no último sábado (21).

“Já imaginou um homem de vestido numa festa em Goiás?”, Questionou ele durante uma conversa no Quarto Cordel.

A peça foi enviada ao cantor e ator pela produção do reality , no entanto, essas vestes não são incomuns aos looks usados ​​por Fiuk no confinamento – até antes de sua participação, esses trajes já protagonizavam publicações em seu Instagram.

Não é uma questão de sexualidade
A marca por trás dessas roupas é a J. Boggo, criada pelo estilista Jay Boggo que, além do artista no BBB , veste ainda outras personalidades brasileiras, tais como Jesuíta Barbosa, Reynaldo Gianecchini, Mateus Solano, entre outros.

“O Fiuk foi muito querido quando nos ligou e falou que queria fazer uma compra de peças sem gênero, justamente para usar no BBB. Ele já estava pronto para esse momento”, comenta o estilista em entrevista para Nossa . “Mas, para nós, não é o famoso em si que nos representa, ou orgulhoso, de maneira nenhuma, mas sim o quão rápido a imagem dele pode ajudar a libertar mais pessoas”.

Em sua loja, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, Jay conta receber visitas de homens, sejam eles heterossexuais ou homossexuais, que procuram pelas peças “ditas femininas”.

“Há um grande bloqueio entre os homens”, opina. “Quando o homem bota uma roupa dita como feminina, o que considera um crime, ele sofre um olhar maldoso. É uma alegria muito grande assistir esse processo aqui no nosso espaço, mas é mais feliz assistir na rua a pessoa já pronta, segura do que ela “.

Nós não falamos de sexualidade, a gente fala em libertação. Em ser tudo que você quer ser. Esse é o ponto “.

Jay conta que o público heterossexual faz parte da sua clientela. Orientação sexual, nesse caso, não é um fator determinante, muito menos importante.

“Inúmeros héteros entram na minha loja e dizem: ‘que saia linda, vontade de usar isso'”, conta. “Eu conselho da seguinte forma: ‘Não gasta seu dinheiro na dúvida. Não precisa comprar, mas brinca, prova, vê como você se sente’. É mais do que vender, é ver o que acontece com uma pessoa quando ela se realiza. Ele se encoraja, percebe que vai além daquilo que acredita “.

Os golpes ou piadas de teor duvidoso, segundo o estilista, são recorrentes não só com Fiuk como qualquer outro homem que vista um vestido ou saia no cotidiano. Ele menciona, inclusive a si mesmo, como um dos alvos.

“Eu vejo os principais e que temos que passar por cima disso”, opina. “É importante também avaliar o processo de vida que uma pessoa que julga tem. Seja de repressão, sofrimento ou desejo”.

Quando saímos de saia ou vestido nas ruas, o que pra mim significa apenas um desejo, nós recebemos diversos xingamentos. Mas estamos fortalecidos pelo que nós somos, sobre como a arte de se vestir nos alimenta “.

Jay questiona então “quando determinou-se que o tecido com algum formato critério gênero?”.

“Isso é muito forte, sabe? Porque a roupa é uma das expressões de arte que já existiu”, diz. “Eu queria entender o dia que alguém amarrou um pedaço de pano sob o corpo e falou: isso é um vestido e vai vestir mulheres”.

Presença na história
Determinações de gêneros com vestidos e saias concebidos a serem implantados no século XIX Imagem: Reprodução
Antes de ganharem atualmente força, as saias e vestidos fazem parte da história dos vestes masculinos. Egípcios, gregos, romanos e astecas usavam túnicas, togas e saias, por serem fáceis de fabricar e de usar, variando de acordo com a cultura e tradição de cada um deles. As calças, nesse caso, eram itens específicos para quem montava a cavalo.

A alfaiataria começava a se tornar uniforme para os homens no século XVIII. No século XIX, ao contrário dos tempos anteriores, em que o glamour e os looks cheios de acessórios dos homens remetiam ao luxo, uma simplicidade passada a se tornar símbolo de elegância no Reino Unido.

Nascia aí o dândi: o homem à época que preservava a estética, mas não o seu exagero, como conta Giorgio Riello no livro “Breve História da Moda”, que reforça ainda como a moda masculina contemporânea é herdeira do século em questão.

A França deixava ser uma referência na moda e os britânicos começados a ocupar esse espaço, pelo menos na moda masculina. Junto a isso, as calças e seus cortes retos e mais simples identificados como “trajes masculinos”.

Na última apresentação da coleção de inverno masculina, na Semana de Moda de Londres, a Burberry colocou homens usando peças de alfaiataria com referências ao movimento sem gênero na passarela.

Uma das peças em especial é a tradução para o que muitos idealizam sobre a ausência do masculino versus feminino na moda: a parte superior construída como uma camisa social, enquanto a parte inferior agrega volumes e pregas ao tecido.

Já a coleção, como um geral, explorou ainda mais a mistura não só de gêneros, como também de estilos com uma espécie de esportivo de alfaiataria casual. Se é que esse aglomerado de termos existem juntos.

Há uma semana, quem apareceu usando uma peça em questão foi o artista latino Bad Bunny durante sua aparição no tapete vermelho do Grammy 2021 .

A iniciativa não é inovadora. A Louis Vuitton para a coleção SS21 creditou essa forma de se vestir como “o futuro” e a pergunta “Como é uma peça de roupa intermediária?”.

Por fim, a Gucci há tempos investe nesse pilar, com o cantor Harry Styles como um dos seus representantes , e lanç uma linha sem gênero assinada pelo diretor criativo Alessandro Michele, batizada como Gucci MX .

Fonte: UOL
Créditos: UOL