Advogado rebate decisão de compra de bafômetro para Câmara de Piancó

Advogado Gustavo Pontinelle, que atua em direito administrativo e eleitoral, explica que não existe legitimidade para que sejam aplicados testes de alcoolemia na Câmara de Vereadores de Piancó

Pedro Aureliano da Silva Presidente da Câmara de Piancó PB
Pedro Aureliano da Silva
Presidente da Câmara de Piancó PB

A Câmara de Vereadores de Piancó, localizada no sertão da Paraíba, adquiriu um etilômetro para realizar o teste de alcoolemia nos vereadores, suspeitos de embriaguez, antes das sessões.

A compra foi realizada pelo presidente da casa legislativa, Pedro Aureliano da Silva (PMDB), sob a justificativa de coibir que os parlamentares participem das sessões embriagados. O aparelho custou R$ 1.605,00 e vem com 100 refis.
O Advogado Gustavo Pontinelle, que atua em direito administrativo e eleitoral, explica que não existe legitimidade para que sejam aplicados testes de alcoolemia na Câmara de Vereadores de Piancó porque não há nada descrito no regimento da casa. Segundo o advogado, os vereadores podem até ingressar com ação de danos morais, caso se sintam constrangidos ao serem obrigados a se submeterem ao teste.

“O presidente da casa legislativa poderá ser enquadrado por abuso de autoridade, na lei 4.898, e constrangimento ilegal”, explicou o advogado.

O presidente da Câmara afirmou que adotou a medida depois que ele suspeitou que alguns vereadores estavam embriagados uma sessão acalorada, ocorrida no final do ano passado. Segundo ele, a prática de ir ao plenário sob efeito do álcool era comum, mas depois que os vereadores souberam da medida não compareceram mais às sessões embriagados.

“O motivo é que alguns vereadores estavam vindo às sessões da Câmara embriagados, inclusive um deles deixou cair uma garrafa de uísque no plenário. Então, a gente adquiriu esse bafômetro para que isso não aconteça mais porque é inaceitável”, disse o vereador em entrevista à Rádio Correio do Vale AM/Itaporanga, nesta terça-feira (2).

Silva disse que o etilômetro ficará até o final deste ano à disposição da Câmara de Vereadores e, caso não venha ser usado, o aparelho poderá ser doado à Polícia Militar para possíveis blitzes da lei Seca.

Apesar da determinação de Silva, a medida pode ser considerada ilegal porque o regimento interno da Casa Legislativa não trata sobre o assunto. Ele disse que, somente depois da polêmica, solicitou à assessoria jurídica um parecer para servir como base de resolução a ser elaborada pela mesa diretora.

“Não aceito esse tipo de comportamento adotados pelos vereadores, a casa legislativa precisa de respeito. Os embates na câmara sempre foram acirrados e eu tomei algumas medidas duras, necessárias, para colocar a casa em ordem”, justificou.

Fonte:  UOL