O candidato a vice na chapa do PT para a sucessão presidencial, Fernando Haddad, terá um encontro na manhã desta segunda-feira (3/9) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde o líder petista está preso desde abril.
A visita, conforme anunciado pelo próprio Haddad, será para debater os rumos da campanha presidencial petista, após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de barrar a candidatura de Lula. Ao término do encontro, o ex-prefeito de São Paulo concederá uma entrevista à imprensa.
Seis dos sete integrantes doTSE votaram, ao longo da sexta (31/8) e madrugada de sábado (1º/9), pela impugnação do registro da candidatura à Presidência do petista. O julgamento ocorreu durante sessão extraordinária do TSE, na qual foram apreciados os pedidos de registros de candidaturas à Presidência da República que restavam pendentes de análise na Corte, entre os quais o de Lula.
Em visita a Alagoas, durante agenda de campanha no domingo (2), Haddad minimizou o pouco tempo que ainda resta da corrida eleitoral, pouco mais de um mês, como fator que dificultaria a transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ele como titular na chapa.
PT quer ganhar tempo
O PT pretende insistir, pelo menos até o dia 11 de setembro, no discurso da candidatura do ex-presidente. Este é o prazo que o partido tem para indicar novo candidato caso não obtenha liminar suspendendo a decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Até lá, a estratégia do partido é manter o ex-prefeito Fernando Haddad em campanha nas ruas e na propaganda de TV. Para a população ele se apresenta como “representante” do ex-presidente. Para justificar sua presença no horário eleitoral, a defesa o classifica como “vice avulso” da chapa.
O advogado eleitoral do PT, Luiz Fernando Casagrande Pereira, confirmou que há recursos para apresentar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele acredita obter uma liminar que assegure a candidatura. Casagrande avalia que o voto do ministro Edson Fachin deu um alento à defesa, pois reforçou a tese de que o país deveria seguir a recomendação do Comitê de Direitos Humanos da ONU — grupo de observadores independente ligado à entidade — que pediu que fosse assegurado o direito a candidatura.
O objetivo do PT é esticar a corda da candidatura de Lula enquanto trabalha para tornar Haddad mais conhecido, sobretudo no Nordeste, reduto eleitoral petista onde o ex-prefeito realizou um périplo nos últimos dias. O advogado disse que ainda tem de analisar o regimento do STF para verificar se os três ministros da Corte que também integram o TSE — Fachin, Rosa Weber e Luís Barroso — poderiam relatar o recurso. A ideia é pedir uma liminar para que Lula seja mantido como candidato até, pelo menos, o julgamento dos embargos de declaração.
A defesa acha que Rosa deu mostras de que pode votar a favor de Lula ao reconhecer, em seu voto no TSE, a validade do artigo 16-A da legislação eleitoral, que permitiria manter a campanha até o fim. Contudo, os advogados reconhecem que o prazo para que o PT indique novo candidato está contando, e só será suspenso por uma liminar.
A questão de ordem para que Haddad pudesse aparecer no horário eleitoral já estava preparada. Com base na decisão, o PT vai continuar se valendo do expediente de exibir Lula como “apoiador” do “vice avulso”, Haddad, durante 25% do tempo. E o partido avalia que pode sempre informar na TV que está recorrendo para que o ex-presidente possa ser o candidato.