O cenário em frente à Embaixada do Brasil em Londres, onde ocorre a votação presidencial no Reino Unido, mudou completamente. A calmaria e fila curta das primeiras horas da manhã se transformaram em palco para manifestações contra e a favor de Jair Bolsonaro (PSL).
De um lado, um grupo de mulheres vestidas de lilás gritaram ‘ele não!’ e relembraram a morte da vereadora do Psol, Marielle Franco, que foi assassinada no Rio de Janeiro.
De outro, apoiadores de Bolsonaro, responderam ‘ele sim’ e gritaram ‘mito’, sendo muito deles vestidos de verde e amarelo. Disseram, ainda, que em vez da Inglaterra, as manifestantes deveriam morar na Venezuela.
Os apoiadores de Bolsonaro gritaram às manifestantes, dizendo para elas ‘tirem as roupas’. As mulheres contra Bolsonaro responderam com gritos de ‘machistas’.
Num dos momentos de maior tensão entre os grupos, a polícia metropolitana de Londres fechou a rua, separando os dois lados. O motivo, porém, não era o Brasil, mas uma passeata contra o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), feita por cachorros e seus donos.
Antes da confusão, a 50 metros dali, as amigas Ana Cláudia, Nicolle e Lara organizaram seus isopores na calçada com iguarias brasileiras para vender aos patrícios. Foram coxinhas, quibes, torta de frango, pão de queijo e, para acompanhar, guaraná.
“Já comi, já, coxinha e pão de queijo. É o que brasileiro faz quando vem para um lugar em que tem muita gente da comunidade”, disse o linguista Irineu de Oliveira, que mora há 10 anos no Reino Unido, entrevistado depois pelo Broadcast. Ele veio de Glasgow, na Escócia, para Londres votar pela primeira vez, mesmo tendo tirado o título de eleitor em 2001. Volta ainda hoje para sua cidade.
Quando a reportagem do Estado as foi entrevistar, no início da manhã, ainda não tinham votado. Havia uma pequena fila na frente da Embaixada e o fluxo era intenso prometendo bom dia para os negócios. Das três, apenas Nicolle se dispôs a declarar seu voto: será para o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. As demais preferiram manter a escolha em segredo.
Irineu de Oliveira mora há 10 anos no Reino Unido. Tirou o título em 2001 e nunca votou, nem em Londres, nem no Brasil. “Nunca tive vontade de escolher nenhum presidente e nessa eleição vim votar no 30, no João Amoêdo (Novo)”, declarou. “Acho que as ideias dele são coerentes com o que acredito”, continuou. O professor, escritor e linguista disse que, como são hoje, os partidos políticos não funcionam e defendeu que quem se tornasse um candidato recebesse apenas ajuda de custo, e não um salário, muito menos de alto valor. “(O político) Deveria trabalhar de graça”, argumentou.
Questionado sobre a baixa probabilidade de Amoêdo chegar ao segundo turno, como apontam as pesquisas, Oliveira disse que acredita que o apoio ao candidato do Novo é maior do que o que mostram os levantamentos. “Mesmo que ele não ganhe agora, acho que vale para daqui a quatro anos. A ideia dele vale muito”, afirmou, dizendo que não apoia o PT ou o MDB, do presidente Michel Temer, nem o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. “Se no segundo turno só tiver esses dois eu não venho votar, eu justifico”, disse, rindo. O são-paulino que vestia a camisa de seu time mora em Glasgow, na Escócia, e levou pouco mais de seis horas de ônibus para se deslocar até Londres nesta manhã.
Fonte: Terra
Créditos: Terra