O economista da campanha presidencial de Marina Silva, Eduardo Giannetti, que acompanha a candidata desde a eleição de 2010 e é um de seus homens de confiança, criticou nesta segunda (3) as cotas raciais no país e disse que o Brasil não deveria “macaquear” esse tipo de política pública de outros países, como os Estados Unidos. Foi durante um debate com com estudantes do ensino médio, em São Paulo. Ele disse que não existe “ódio racial” no Brasil, que seria “miscigenado” e que o problema no país é social. Ele atacou o ensino público gratuito e defendeu um sistema de bolsas.
Ao ser questionado sobre o tema das cotas raciais, Gianetti disse que se incomoda com a adoção de políticas “copiadas dos Estados Unidos, onde o problema racial é diferente”. “Cotas raciais são uma cópia que o Brasil faz de um sistema que até nos Estados Unidos é muito contestado. A maioria dos negros dos Estados Unidos não gosta do sistema de cotas. Acho que o problema no Brasil é muito mais social do que racial”, disse.
Nesse momento, foi interrompido por uma das mediadoras do debate, a rapper Denise Alves. “Você acha isso?”, questionou. “Acho. Acho que só vamos saber a extensão do problema racial no Brasil no dia em que tivermos uma sociedade menos desigual”, afirmou. A mediadora tentou contestar, mas foi interrompida. “Aí vamos saber. Acho que vamos ter uma boa surpresa”, afirmou, dizendo em seguida que o Brasil não tem o “ódio racial” de outras culturas e é miscigenado. Denise apresentou, então, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que mostram que 76,2% das vítimas letais da atuação da polícia são negras. Moradora da periferia, a mediadora disse momentos antes que “a polícia tem endereço e cor para abordar”. Para Giannetti, porém, o problema é social. “Os negros estão em situação social muito desvantajosa no Brasil, por conta da herança do passado escravocrata”, disse, durante o debate na Escola Móbile, promovido pela plataforma “Por Quê? – Economês em bom português”.
Um dos principais colaboradores da campanha de Marina, candidata que se declara negra à Justiça Eleitoral, Giannetti disse preferir bolsa de estudo e cotas para estudantes de escola pública a cota racial nas universidades públicas, e não descartou a cobrança de mensalidade. “O Estado está pagando escola para rico”, disse. O economista criticou ainda que quem reivindica a cota é o responsável pela auto-declaração e afirmou que isso pode gerar distorções, em um país miscigenado como o Brasil. “Minha tataravó é negra, ex-escrava. Eu tenho DNA negro. Se fizer uma pesquisa de DNA no Brasil praticamente todos os brancos têm algum componente negro no seu DNA. O que é um horror brasileiro, sem a menor dúvida, é a desigualdade social”, disse. Por fim, afirmou que é preciso ter cuidado com essa discussão. “Precisamos no Brasil ter um critério para não ficar macaqueando políticas de outros países que têm situações diferentes das nossas”.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247